Seccional repudia afirmações de Alexandre Frota em programa “Agora é tarde”

Brasília, 3/3/2015 – A Seccional da OAB do Distrito Federal divulgou, nesta terça-feira (3), nota de repúdio contra declaração feita pelo ator Alexandre Frota, veiculada no programa “Agora é tarde”, da Rede Band, na última quarta-feira (25), em que ele afirma ter mantido relações sexuais com uma mulher sem o consentimento da mesma.

Em determinado ponto da entrevista, e em tom de deboche, Frota disse que há alguns anos, ao visitar um centro espírita, teria feito sexo com uma mãe de santo sem o consentimento desta. A declaração repercutiu mal na imprensa e em redes sociais, dando margem a críticas de que o relato do ator foi de confissão de um ato de agressão sexual ou mesmo de estupro.

A nota, assinada por membros da Comissão da Mulher Advogada, diz que os fatos narrados por Alexandre Frota são relativos a “confesso crime hediondo de estupro, objetificação da mulher, preconceito religioso e atos de grave violência”.

Ibaneis Rocha afirma que a Seccional vai representar denúncia no Ministério Público para apuração dos fatos. “É inadmissível que a mulher ainda seja tratada como mero objeto. Mesmo em tom de brincadeira, o que Alexandre Frota disse é uma afronta e um tremendo desrespeito com todas as mulheres”.

NOTA DE REPÚDIO

A Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Distrito Federal, vem a público para repudiar com veemência o episódio do programa “agora é tarde” da TV bandeirantes, que veiculou fatos narrados por Alexandre Frota relativos a confesso crime hediondo de estupro, objetificação da mulher, preconceito religioso e atos de grave violência.

Para além da obviedade e repugnância do crime, está a atitude da emissora de Televisão Bandeirantes, concessionária de serviço público, que permite a veiculação de crime, violência, preconceito de gênero e também religioso em programa de TV aberta. Para além do programa de TV, está o apresentador Rafael Bastos e seu público que sob aplausos receberam com grave jocosidade o episódio. Trata-se, nos termos de Hannah Arendt, da banalização do mal, de absurda normalidade que anestesia a sociedade mesmo diante de atos de inescusável violência, elevada gravidade e inafastável caráter anti-humanitário.

Por fim, alegações de se tratar de fato inexistente, de brincadeira, não escusa os envolvidos, mas apenas transmuta o crime para apologia e continua a endossar a cultura do estupro que tantos negam que exista.

A Comissão da Mulher Advogada da OABDF requer, portanto, a adoção das medidas legais cabíveis pelos órgãos públicos competentes de forma a punir os responsáveis e coibir eventos futuros de similar gravidade.