Como contornar crises no divórcio litigioso - OAB DF

“Ser inclusivo, ser plural, ser independente,
ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Como contornar crises no divórcio litigioso

Um dos primeiros painéis da Conferência da Mulher Advogada ocorreu às 14h desta sexta-feira (17). Durante o painel foi exposto o papel do juiz, do promotor e dos advogados quando se instala o pedido do divórcio litigioso. Os debatedores também conversaram sobre como contornar as crises que ocorrem durante o processo. Esse painel foi presidido pela presidente da Comissão de Direito das Famílias da OAB/DF, Liliana Marquez e teve como relatora, a advogada, Rachel Bernardes.

A desembargadora do Tribunal de Justiça de Brasília Ana Maria Amarante atentou para a sensibilidade necessária do advogado na hora de resolver as situações diárias na área de família. “Os esforços na conciliação e na mediação devem ser enfatizados. Em casos de família não basta o Direito. O Direito ajuda muito, mas a abordagem tem de ser multidisciplinar. Por isso é que vamos sempre nos valer do auxílio de profissionais de outras áreas do conhecimento, como psicólogos e assistentes sociais. Só o juiz não vai ter habilidade suficiente para superar sozinho o momento de crise”, afirmou.

A juíza Titular da Vara Cível de Família e de Órfãos e Sucessões da Circunscrição Judiciária do Núcleo Bandeirante, Magáli Gomes, falou sobre as partes envolvidas no processo e de que forma o advogado pode agir para tornar este processo tortuoso e delicado em algo menos doloroso para os envolvidos. “Utilizem a sensibilidade de vocês para mostrar às partes que não adianta utilizar o divórcio litigioso para punir o outro no fim do relacionamento. Se as senhoras e os senhores conseguirem fazer isto, a audiência será realizada de forma muito mais fácil. Entrem em um caso para tentar contribuir com esta família, e não simplesmente para ganhar os honorários no final”.

Eliene Bastos, advogada, falou sobre o distanciamento emocional na hora de tentar resolver um divórcio litigioso. “Nossa profissão envolve muitas vezes a subjetividade, e por isso, as vezes, a gente coloca a nossa própria opinião, os nossos próprios anseios para resolver um problema. Porém o cliente está ali precisando da gente profissionalmente, então, a escuta deve ser aprimorada cotidianamente para que nós exerçamos a nossa profissão cada vez melhor”, pontuou.

Por fim, a psicóloga com mestrado em desenvolvimento humano e gênero focada na construção da identidade feminina, Thirza Reis, enfatizou o fato das partes estarem sensibilizadas por sofrer a dor da separação e que o advogado precisa ajudá-las a perceber que não é através do litígio que a dor irá passar. “As pessoas fragilizadas não são compradas por nada material, nada no domínio objetivo dá conta de uma dor subjetiva. É por isso que às vezes o litígio não acaba nunca. Nós temos as fazer com que as partes olhem para dentro e procurem achar uma solução”, disse.