Brancos recebem salários 61% maiores do que pretos ou pardos no DF, aponta IBGE (G1) - OAB DF

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DÉLIO LINS

Brancos recebem salários 61% maiores do que pretos ou pardos no DF, aponta IBGE (G1)

Levantamento realizado em 2019 mostra que pretos tiveram redução da média salarial. Grupo também representa maioria entre desempregados

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que população branca do Distrito Federal recebeu salário 61% superior ao de pretos e pardos (negros), em 2019. Enquanto, por um lado, os moradores de Brasília têm a maior renda do país, por outro, enfrentam a 7ª maior desigualdade racial entre os profissionais, na comparação com outros estados.

Os dados são do estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado na última quinta-feira (12). A pesquisa expõe que a desigualdade não se limita à folha de pagamento, mas também atinge aqueles que estão desempregados.

– ‘Racismo gera pobreza’

Para o doutor em Direito, sociólogo e advogado, Hector Vieira, quando a população negra aparece em desvantagem, a discriminação faz parte da conta. “Todos os problemas são suportados dentro de um sistema maior, que é o racismo”, segundo Vieira.

“O ponto central é o racismo estrutural. Não é a pobreza que gera racismo, é o racismo que gera pobreza”, diz o professor.

O especialista, que é membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) cita que a igualdade nas oportunidades de trabalho e renda é assegurada em lei, na Constituição Federal, e no Estatuto da Igualdade Racial. No entanto, para ele não é possível debater desigualdade apenas com base na lei.

“Hoje, com 520 anos de história do Brasil, é ingênuo a gente achar que 300 anos de escravidão não reverberam. É uma população que não tinha formação e passou a ser criminalizada. Por isso, a importância de ações para garantir as mesmas condições de bens, serviços e direitos”, afirma.

Hector Vieira, que faz parte dos 27,5% pretos e pardos com nível superior completo no país, conta que sentiu o preconceito estrutural e institucional na pele. “Eu poderia passar horas contando casos, mas em um deles, eu estava no tribunal, como advogado, e me confundiram como o segurança. Ninguém me confunde com o juiz”, diz ele.

Reportagem publicada por G1 DF em 16/11/20

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Foto capa: Fantástico/Reprodução