Brasília, 19/11/2015 – A Comissão da Igualdade Racial da OAB/DF divulgou, nesta quinta-feira (19), nota de repúdio ao caso de racismo e abuso de autoridade cometido contra as mulheres que participavam Marcha Nacional das Mulheres Negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver, nesta quarta-feira (18). Leia a seguir:
NOTA DE REPÚDIO
A Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Distrito Federal (OAB/DF), repudia veementemente o truculento caso de racismo, machismo e abuso de autoridade, perpetrados contra mulheres negras e desarmadas ocorridos durante a Marcha Nacional das Mulheres Negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver.
Na ocasião, dois policiais civis foram presos por disparar tiros para o alto durante Marcha na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no dia 18/11/2015 quando aproximadamente 30 mil mulheres de todos os estados brasileiros, bem como de outros países, representando várias organizações de mulheres negras e movimentos negros, de forma pacífica, organizada e exercendo seus direitos democráticos, homenageavam seus ancestrais, defendiam a cidadania plena e respeito aos direitos civis e democráticos das mulheres negras.
É lamentável que na antevéspera da data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, que ocorrerá em 20 de novembro, mais uma vez, vimos casos de racismo, violência e machismo contra mulheres negras como o ocorrido.
O Brasil ainda carrega a cultura racista e sexista que trata as mulheres negras como inferiores, como objeto sexual e como suspeitas, sendo sempre alvos prioritários de preconceito, machismo e arbitrariedade policial.
É legítima a luta na defesa dos direitos das mulheres negras uma vez que recentemente tivemos a divulgação de que a taxa de mulheres negras vítimas de homicídios no país é mais que o dobro da de mulheres brancas.
O relatório, no perfil de vulnerabilidade e vitimização, apresentou o percentual do genocídio de negros – somatória de pretos e pardos, segundo o Censo 2010 – representam 50,7% da população do país e corresponderam a 72% das mortes por agressão. A de brancos e amarelos, o número é de 26%.
A Comissão da Igualdade Racial da OAB/DF está atenta e faz um grande enfrentamento aos casos de violência, racismo e machismo, pugnando pela promoção da igualdade racial, a fim de que as políticas públicas respeitem as peculiaridades raciais, fortaleçam o coletivo de mulheres negras, a fim de que saiam da situação de vulnerabilidade social, ampliando a geração de emprego e renda, e das condições de saúde, tendo o racismo como um determinante social.
Contra a invisibilidade e o extermínio da população negra!!!
Vânia Fraim – Presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/DF
Foto – Marcello Casal / Agência Brasil