Crimes Eletrônicos e Segurança da Informação para advogados - OAB DF

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DÉLIO LINS

Crimes Eletrônicos e Segurança da Informação para advogados

TI1Considerado um dos maiores desafios do século, os “Crimes Eletrônicos e a Segurança da Informação para Advogados” foram temas debatidos na Seccional da OAB/DF na noite desta segunda-feira (26). O sequestro de dados tem se tornando um problema não só para grandes empresas e pessoas físicas, mas também para escritórios de advocacia. O presidente da Seccional, Juliano Costa Couto, fez a abertura do evento e ressaltou a conveniência do debate na casa.

“Nós temos tido notícias de escritórios que têm sofrido agressões em seus bancos de dados e a posteriori extorquidos. Esse debate se faz muitíssimo importante porque todos aqui, indistintamente, somos usuários desses instrumentos de tecnologia. São fragilidades que nós desconhecemos. Temos que saber como tratar e como proteger os dados que não são só nossos, mas também de clientes destinatários dos nossos serviços”, disse.

TI3A presidente da Comissão de Tecnologia da Informação, Hellen Falcão, destacou que o evento foi idealizado para dar conhecimento aos advogados sobre os crimes que vêm sendo praticados por hackers em escritórios de advocacia. “A ideia é justamente colocar a advocacia para se preparar com pessoas que têm o conhecimento. É tempo de mudança e se não ousarmos fazê-la iremos ficar para sempre sem os nossos arquivos. Devemos mudar nossa cultura de segurança de dados”.

Na ocasião, a advogada Renata Pagy Bonilha contou sua experiência sobre a forma com que hackers roubaram os dados do escritório onde atua e levaram todas as informações sobre dados administrativo, financeiro e jurídico. Em seguida solicitaram o resgate, que Renata disse não ter sido pago. Com isso, acabaram tendo que recomeçar do zero. “É uma coisa bem assustadora de passar. Infelizmente nós não fomos informados a tempo sobre a gravidade do que estava realmente ocorrendo”.

Pratica apelidada de ransomware, os hackers invadem os computadores, criptografam os dados, escondem e posteriormente pedem o regate para permitir o acesso novamente. Geralmente, o valor é cobrado em bitcoin, moeda digital usada para transações na internet. Dessa forma, é possível evitar o rastreamento. De acordo com relatório da ONU, de 2015, o Brasil está entre os cinco países com mais crimes cibernéticos, ficando atrás apenas da Rússia, China, Nigéria e Vietnã.

TI5Para Alexandre Atheniense, advogado especialista em Direito Digital pela Harvard Law School, que falou sobre “Segurança Digital para Advogados”, a advocacia está enfrentando diariamente risco de privacidade e segurança digital e não tem se dado conta do alcance do problema. De acordo com ele, os hackers se interessam pela classe por possuírem informações sensíveis de clientes, dados pessoais e financeiros de funcionários e informações de estratégias corporativas. “Essas são informações inestimáveis”.

De acordo com ele, os profissionais da área do Direito costumam não acreditar que podem ser alvos de ataques digitais. “Todo mundo é alvo de hacker em relação a vazamento de dados”, disse Atheniense, que citou ainda diversos incidentes em escritórios de advocacia e explicou a importância dos escritórios se protegerem contra o crime.

TIO vice-presidente da Comissão de Tecnologia da Informação, Edilberto Petry, orientou que as pessoas não compartilhem equipamentos pessoais em ambiente de trabalho. “Por meio de algum aplicativo ou jogo instalado em celular ou pen drives pessoais é que as pessoas acabam trazendo isso para o ambiente corporativo”.

Ele lembrou que as novas tecnologias já conseguem rastrear o objeto de interesse digitado em meios pessoais na internet e logo em seguida começam a bombardear informações sobre o produto. “Daqui a pouco estaremos compartilhando toda a nossa vida pessoal. Precisamos ter cautela com essas vulnerabilidades a que estamos expostos e se adaptar a essas mudanças de postura que precisamos ter para nos proteger dessas invasões”.

TI8Também palestrante, o professor João José Gondim, mestre em Computer Science Pelo Imperial College Of Science And Technology da University Of London, falou sobre “Privacidade e Segurança na Internet”. Casos como os dados de 500 milhões de contas do Yahoo que foram rackeados, bem como mais de 20 milhões de credenciais exfiltradas do Office of Personnel Management, foram abordadas por ele. Além disso, Gondim levantou questões sobre permissões de aplicativos que precisam ter acesso a todos os dispositivos do celular. “Você vai ficar surpreso quando descobrir que a sua lanterna precisa ter acesso aos seus contatos”, alertou.

O secretário-geral da Comissão de TI da OAB/DF, Flávio Pessino, ressaltou a importância das mais variadas visões e conhecimentos sobre o assunto. “A gente está sempre aprendendo e é muito bom ouvir esses especialistas. É importante oxigenar esses seminários com profissionais de várias áreas como acadêmicos, juristas e alguém do mercado. Cada um trazendo as mais variadas visões e conhecimentos sobre o tema”.

TI7O CEO da Empresa de Segurança Digital AKE, Rodrigo Fragola, também citou casos de insegurança e roubo de dados e tecnologia de empresas conceituadas e ditas seguras na Internet. “A gente sempre acha que não tem algo a esconder, mas o fato de não ter nada a esconder não significa que não deve se preocupar com a privacidade. Se você já escreveu seu nome e seus dados em algum site, com certeza seus dados estão vagando por algum lugar”. De acordo com ele, os ataques no Brasil aumentaram 274% nos últimos anos. “Estamos cada vez menos seguros”, ponderou.

O delegado da Polícia Federal Stênio Santos Sousa, responsável por apurar crimes cibernéticos, que esteve no evento representando a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), disse que existem casos em que o hacker consegue em pouco espaço ter acesso a conta de várias pessoas pela internet e, por meio dessas informações, consegue fazer pequenas transferências pela internet. “Esse tipo de delito gera valores tão pequeno na conta de um usuário, mas atacando milhões de contas. Como os valores são pequenos, as pessoas não querem discutir ou nem se dão conta”.

Além dos já citados, também compuseram a mesa de abertura, a vice-presidente da Seccional, Daniela Teixeira, os conselheiros seccionais Glauco Santos, Cleider Fernandes e Erich Endrilho.