Encontro da velha guarda da capoeira na OABDF marca a importância da ancestralidade negra - OAB DF

“Ser inclusivo, ser plural, ser independente,
ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Encontro da velha guarda da capoeira na OABDF marca a importância da ancestralidade negra

A OABDF recebeu hoje (11) o Encontro da Velha-Guarda da Capoeira e sua Salvaguarda. O evento simboliza o reconhecimento da capoeira não apenas como um patrimônio cultural da humanidade, mas como elemento cultural e de resgate da ancestralidade negra. O encontro promove o conhecimento acerca das raízes da capoeira e de seus ensinamentos que muitas vezes são desconhecidos, em virtude de sua marginalização histórica. A Comissão da Memória e da Verdade foi a responsável pelo encontro e trouxe a capoeira a partir de sua perspectiva histórica e de resgate ancestral.

O presidente da comissão, Alisson Rafael Sousa Lopes, destacou a capoeira enquanto memória: “Falar de uma história que não é contada e fazer um resgate de uma parte da cultura que muitas vezes é esquecida. Trazer a capoeira de maneira oficinal nas instituições porque tem o poder de mobilização, de ocupar os espaços públicos. Não podemos deixar essa memória se perder, pois ela tem uma identidade brasileira que deve ser valorizada, pois faz parte das nossas raízes.”

O evento foi presidido pela pedagoga Janaína Almeida, membro da diretoria do grupo de mulheres da Força Afro Brasil que destacou a relevância da capoeira nas escolas enquanto potência de resgate histórico: “A capoeira não somente como um elemento cultural, mas como um resgate histórico, uma forma de resistência da ancestralidade africana. Trabalho com a capoeira nas escolas e percebo seu efeito transformador nas alunas e alunos, que conseguem a partir dela se sentirem mais confortáveis nesses ambientes, além de aprenderem ensinamentos tão importantes não somente culturais, mas das raízes negras brasileiras.”

Mestre Polêmico se envolveu com a capoeira desde os anos 70 e destaca seu potencial educacional: “acredito na capoeira como um instrumento de educação e esse evento destaca a importância da capoeira ser reconhecida como um elemento identitário. A capoeira já teve um histórico de marginalização em que suas atividades eram proibidas por serem ligadas ao ócio, mas na verdade a capoeira é um movimento rico e por isso a importância do resgate dos saberes dos mestres mais antigos para que a capoeira possa ser enxergado como um movimento transdisciplinar que abarca a música, a dança, a cultura.”

Mestre Cláudio Danadinho destaca o conteúdo histórico presente na capoeira, que esteve presente nos mais diferentes eventos da história brasileira:“o meu interesse pela capoeira surgiu pelo fato dela participar com muita intimidade da história do Brasil, ainda que de forma periférica. E hoje a capoeira é patrimônio cultural da humanidade e ela consegue permear o erudito e o popular porque ela faz parte de muitos conflitos históricos brasileiros, a exemplo da Guerra do Paraguai em que muitos capoeiristas foram levados para lutar nesses conflitos. E muitos desses eventos ligados a capoeira são ignorados, embora ela esteja presente em vários conflitos, ainda que de forma mais rudimentar que aquela que temos hoje.”