Oratória e Gestão Financeira foram os temas do segundo dia do III Congresso de Gestão Jurídica da OAB/DF. Abrindo os debates, o diretor tesoureiro da OAB/DF, Paulo Maurício Siqueira, deu as boas-vindas aos palestrantes, em nome da Seccional: “é um prazer recebê-los neste Congresso que já está virando tradição na Casa”.
Paulo Maurício destacou ser um time de pessoas que são referências em suas áreas. Alguns já tendo participado de edições anteriores do Congresso e outros estreando. Todos contribuindo para a disseminação de novos conhecimentos aos profissionais da advocacia.
A presidente da Comissão de Gestão de Escritórios de Advocacia da OAB/DF, organizadora do evento, Érika Siqueira, falou sobre a importância de estudar os dois temas. “Precisamos aprender a arte da Oratória e, também, como trazer recursos e gerenciar equipes de forma eficiente. Tudo isso, para ter tranquilidade e paz na nossa advocacia, pois será mais fácil despachar com clientes, se a casa estiver organizada, sobretudo financeiramente.”
Para a vice-presidente da Comissão de Gestão, Carla Tupan, os temas abordados no painel são necessários a todos. “Sabemos como é difícil precificar e, também, ter uma boa oratória. São assuntos extremamente importantes para a advocacia e queremos aproveitar o momento para trazer esses conteúdos riquíssimos a vocês”, afirmou.
“Sustentação Oral e sua Importância na Advocacia”
Para tratar da arte da Oratória, o convidado desta edição do III Congresso Jurídico foi o advogado especialista em tribunais superiores e sustentação oral, Eduardo Löwenhaupt da Cunha. Para ele, “a sustentação oral deve ser bem utilizada, com muita técnica e diligência, permitindo destacar os pontos mais importantes do processo e de modo a influenciar na decisão do julgador”.
Segundo o especialista, uma sustentação de sucesso divide-se em quatro etapas: “a introdução, momento que o profissional tem para captar a atenção e despertar o interesse dos julgadores; a preparação, quando discrimina e destaca seu objetivo ao subir na tribuna, precisando ser claro; o assunto geral, quando discorre sobre a sua pretensão, mostrando argumentos e sentenças; e por fim, a conclusão e fecho, quando deve repetir os seus pedidos, agradecer a paciência de quem ouviu.”
Para que tudo ocorra como esperado na sustentação, segundo Eduardo Löwenhaupt da Cunha, é importante um planejamento. “Você deve conhecer em profundidade o processo que está lidando, treinar em frente ao espelho ou com familiares, gravar seus treinos para corrigir erros e vícios de palavras. O mais importante: nunca leia na tribuna! Para isso, é necessário preparação”, sugere.
“A Importância das Finanças na Direção para a Tomada de Decisões e o uso das Ferramentas de Medição no Processo de Crescimento de um Escritório de Advocacia”
A segunda palestra, Gestão Financeira, foi proferida pelo consultor, professor e palestrante especialista em Gestão Legal & Precificação e Finanças na Advocacia, Adnilson Hipólito. Para ele, “é a alma de qualquer negócio”. As decisões de uma empresa devem ser tomadas com base em cálculos, advertiu. “O futuro é incerto e, por isso, a gestão financeira (momento do planejamento e dos cálculos) precisa ser feita de forma primária e prioritária. Está acima de tudo”, pontuou.
Segundo Adnilson Hipólito, profissionais do Direito devem ter uma visão de empresário. “Isso porque o advogado que se posiciona como empresário tem sustentação e perenidade na sua sociedade, quer o mercado oscile ou não. Ou seja, empreender, na grande maioria das vezes, é olhar uma oportunidade e avançar nela, para alavancar o negócio.”
Para que tudo isso dê certo, nos dias de hoje, é preciso inovar. “Não dá para querer uma advocacia de alto porte, se a minha mente e a visão estão lá atrás, no ponto em que comecei. Temos que pensar no futuro, testar novos meios, usar ferramentas, usar tecnologias, novos modelos de gestão, para entender a atual advocacia e mostrar novos resultados”, completou Adnilson Hipólito.
“Planejamento Estratégico para a Advocacia”
Presente, também, na II edição do Congresso de Gestão, o sócio fundador da Consultoria Bórea, especialista com MBA em Gestão de Estratégias e Negócios, autor do “Gestão eficiente de escritórios de advocacia”, Mário Esequiel, ressaltou a necessidade de buscar oportunidades no momento da pandemia. “Há quem diga que não há espaço nem oportunidade de crescimento, porém, há muitas, mas, para encontrá-las, é preciso olhar com atenção”, explicou.
De acordo com o especialista, o mundo passa por mudanças com a pandemia, e é daí que surgem nichos e espaços de atuação para a advocacia. “Vamos entrar em recessão. Isso é fato, mas é possível buscar espaços. O mercado jurídico é conservador, mas é bom entender que, se você vai gerir um negócio, é preciso arriscar”.
Segundo ele, ao propor novas ideias, novos locais são criados. “Os advogados deveriam amar mudanças, pois geram inovação e, com as necessidades de novas frentes, surgem nova legislação, regulamentação e normatização. Aí é que se abrem oportunidades em três campos interessantes: advocacy, consultivo e contencioso.”
Outros espaços que a advocacia tem possibilidades de atuar, na visão de Mário Esequiel, são: recuperação judicial; áreas tributária e trabalhista; Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e contratos. “Não devemos chorar pensando que as oportunidades não existem, principalmente, no ramo do Direito, pois estão aí. É preciso procurar e se planejar. Não é sair correndo sem ter um norte. Organize-se e tente ver como atuar e gerar proveito disso. Esse é o momento de mostrar que somos competentes. Também, não basta só planejar, tem que executar”, aconselhou.
“Gestão de Fluxo de Caixa”
O administrador de empresas e consultor em Gestão, professor da ESA/DF e membro da Comissão de Gestão de Escritórios de Advocacia da OAB/DF, Silvio Barreto, ponderou a importância do fluxo de caixa na advocacia. “Mais especificamente, ele é o volume de receitas e gastos que são realizados dentro de um período. Vai projetar, para períodos futuros, todas as entradas e saídas do escritório. Com isso, poderá dar suporte para decisões que serão tomadas, ainda mais se executado no início de projetos”.
Segundo o consultor, ainda há resistências, por parte de profissionais da advocacia, para entender a importância do fluxo de caixa. “Percebo que essa é uma área que assusta e distancia alguns sócios. Mas o raciocínio lógico é importante para qualquer empreendedor e, colocar isso em prática é necessário e deve estar incluído na gestão”, afirma Silvio Barreto.
“Precificação dos Serviços Jurídicos”
Encerrando o circuito de palestras do segundo dia do III Congresso Jurídico, a sócia-fundadora da MB Consultoria de Gestão Financeira, professora, mestre em governança e com MBA em Gestão Jurídica, Beatriz Marchnik, deu dicas de como planejar a precificação dos serviços jurídicos.
“Quem nunca ficou numa reunião inteira pensando em quanto iria cobrar? Depois, ao chegar a hora de passar o preço para o cliente, teve medo de passar um valor alto e o cliente não fechar? Ou cobrar pouco e pagar para trabalhar? Isso ocorre muito, pois ninguém nos ensina na faculdade a como transformar anos de estudos em retorno financeiro”, disse Beatriz Marchnik.
Segundo essa especialista, antes de passar um preço ao cliente, é entender o que será cobrado. “Se você não sabe a composição do preço, como o cliente vai entender o que você está cobrando? Então, é preciso levar em conta a carga horária para o trabalho, a sua despesa estrutural (aluguel, material de escritório, custos com a equipe, impostos e, por último, a margem de lucro), para então, chegar a um preço.”
De acordo com Beatriz Marchnik, é importante ter um nível de entrega do projeto e, também, um diferencial na advocacia. “Ao comprometer-se com um bom prazo de entrega ao cliente, você pode conquistá-lo. Outra forma, também, é o diferencial! Mostre o que o seu escritório oferece empatia e relacionamento. Isso fará o cliente querer você.”
Veja aqui, na íntegra, o painel sobre Oratória e Gestão Financeira.
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Comunicação OAB/DF
Texto: Neyrilene Costa (estagiária sob a supervisão de Montserrat Bevilaqua)