OAB/DF cria grupo contra racismo estrutural

Na última quinta-feira (02/03), o Conselho Pleno da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) aprovou, por unanimidade, a criação de um grupo de trabalho que será destinado à luta contra o racismo estrutural.

O objetivo do grupo de trabalho é estudar, propor e implementar medidas para o combate do racismo estrutural no exercício da advocacia, bem como promover a inclusão e a diversidade na profissão.

Tal medida se mostrou necessária após o advogado e Conselheiro Seccional Nauê Bernardo ser confundido, novamente, com um motorista ao tentar acessar um órgão público

Segundo o presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, Délio Lins e Silva Jr, a criação do grupo de trabalho é uma iniciativa importante para enfrentar o racismo estrutural na advocacia. “A distinção racial é uma realidade que ainda persiste na nossa sociedade e não podemos permitir que ela continue a afetar a vida dos advogados e advogadas negros”, afirmou.

Délio, também, destacou a importância da iniciativa. “O combate ao racismo é uma das nossas prioridades como instituição e a criação deste grupo de trabalho é uma medida concreta para avançarmos neste tema”, disse.

Nauê Bernardo destacou que dirigia o próprio carro na companhia de outras três pessoas, incluindo um ex-presidente do Ibama, para participar da posse do novo chefe do órgão, Rodrigo Agostinho, quando o episódio ocorreu. “Quando fui entrar no Ibama, o porteiro me perguntou direto se eu ia deixar as pessoas. Ele só percebeu o que tinha acontecido quando a autoridade ao meu lado disse que íamos todos ficar, pois todos tínhamos sido convidados”, disse.

O advogado, ainda, afirmou que “o problema não é ser confundido com alguém que exerce profissão nobre e essencial, como motorista, mas, sim, o fato de isso só acontecer quando não se tem um determinado perfil, como se um negro de terno só pudesse ser motorista ou segurança”, lamentou.

A diretora de Igualdade Racial e Social da Seccional do Distrito Federal, Lívia Caldas, se solidarizou com o caso e afirmou que “é preciso que estudemos medidas que possam interferir profundamente no nosso modelo, para que possamos, de alguma maneira, imaginar um futuro menos racista para as próximas gerações. Sabemos que o trabalho não é simples, nem curto, mas a criação do grupo de trabalho definitivamente é um passo importante na reflexão de como podemos deixar um legado concreto que ajude a combater o racismo. A luta deve ser vigilante e constante!”

Com essa iniciativa, espera-se que as medidas propostas pelo grupo contribuam para a promoção da diversidade e inclusão na profissão, garantindo que todos os advogados e advogadas, independentemente de sua cor, tenham as mesmas oportunidades e possam exercer a advocacia sem advogado.

Comunicação OAB/DF — Jornalismo