É com pesar que a OAB/DF comunica o falecimento de um dos fundadores da Seccional, o promotor público aposentado Gilvan Correia de Queiroz, aos 92 anos. Ele era detentor da primeiríssima inscrição da OAB/DF, a de número 002.
Em 2011, o advogado foi homenageado na Seccional com a medalha Miranda Lima por seu trabalho ter sido decisivo para o nascimento da seção da Ordem na cidade. À época, era permitido aos membros do Ministério Público advogarem em alguns casos. Gilvan relatou que, nos primeiros dias de Brasília, vários problemas batiam à sua porta, pois era um dos poucos promotores públicos locais. “Os juízes indagavam aos advogados sobre suas inscrições no DF, uma vez que alguns já fixavam residência e advogavam aqui. Eles vinham a mim para que interviesse junto aos magistrados de modo a fazer com que a situação fosse tolerada, e foi por um momento, até que se resolveu constituir a Seccional”. Sobre a inexistência da carteira 001 do DF, Queiroz contou que a decisão partiu de todos os envolvidos. “Não existe a carteira 001”, explicou e complementou que na época foi realizado um sorteio entre os pioneiros
Juliano Costa Couto, presidente da OAB/DF, disse que “é com muita tristeza que recebemos a notícia, a Ordem reconhece o valor do seu passado para seguir em frente. Nossos sentimentos a todos os familiares”.
Pedro Gordilho, amigo pessoal de Gilvan, disse que guarda boas lembranças desde o longínquo ano de 1961, quando o colega chefiou a assessoria especial da Consultoria da Republica com o Consultor Geral e conterrâneo Antonio Balbino, no Governo de Jango Goulart. “Elaborava seus bem cuidados pareceres jurídicos com fundamentação impecável, sem perder o senso de humor [ele dizia, com graça, que estava cuidando bem das Obras Completas do Consultor Geral], mantinha uma conversação animada com seus interlocutores preferenciais, marcadamente do mercado imobiliário, sendo ele um grande investidor, com o timbre da probidade nos negócios, o que lhe conferia um diferencial sempre aclamado pelos que acompanharam sua felizmente longa vida. Creio poder afirmar que esse bom amigo teve uma vida feliz, admirado pelos seus contemporâneos e bem realizado em sua aventura humana”.
O advogado Jorge Andrade, amigo de Gilvan há mais de 30 anos, contou que a amizade entre eles era intransponível. “Ele tinha o hábito da leitura contínua, pensava muito, falava com candura, agia com muita firmeza e intransigência na defesa das teses solidamente construídas ao longo da jornada pela procura dos inesgotáveis conhecimentos e profunda cultura política, científica e social que consolidou. Além disso, tinha uma postura humanitária de ajuda à todos, é visto como exemplo para diversos profissionais de todas as partes do país”.