Aos 34 anos, Samuel Oliveira Lima exibiu com orgulho a carteira da OAB/DF ao final da cerimônia de entrega do documento a 73 novos advogados e advogadas, na manhã desta quinta-feira (30/5). “Está aqui, é minha, sou advogado”, disse com orgulho.
Orador da turma, ele não redigiu seu discurso. Optou por usar a tribuna do auditório da seccional para narrar aos colegas sua própria estória e fazer dela a motivação para outros. “Tenho origem simples, venho de uma família humilde e, desde criança, aprendi a batalhar pelos meus sonhos”, disse.
Ex-presidiário, Samuel se apaixonou pelo Direito lendo processos de colegas de cela. “Era a única leitura que havia e eu me encantava com as argumentações”, contou. Cumprida a pena, ele foi realizar o sonho. “Enfrentei muito preconceito pela minha condição pregressa e, de certa forma, a advocacia foi onde consegui me ver. Ninguém quer empregar alguém que cometeu um delito, ainda que ele tenha cumprido sua pena”, disse ele, que foi aplaudido por mais de 300 presentes no auditório, entre novos advogados, familiares e integrantes da OAB/DF.
Samuel Oliveira foi o orador da turma de
73 novos advogados
Para garantir o diploma, Samuel percorria todos os dias de ônibus o trajeto entre o Paranoá, onde mora, e o Guará, onde ficava a faculdade. Nos corredores, vendendo balinhas e outras guloseimas, garantiu o adicional que precisava para pagar as contas. “Estou aqui porque encontrei muitas pessoas boas no meu caminho, que me ouviram, me ajudaram”, disse, ao final da cerimônia, ao lado da esposa com quem está casado há oito anos.
“Samuel, você é um exemplo de persistência. Um exemplo para a advocacia e para todos nós. É um exemplo de superação e merece todo o nosso respeito”, disse o presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Jr., ao discursar em homenagem aos novos profissionais.
Conselhos
O paraninfo da turma, o advogado Rodrigo Rodrigues Alves, presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/DF, deixou mensagens de otimismo aos novos advogados. “Sonhem muito e voem alto. Amem intensamente a advocacia. Encontrem seu próprio caminho e mantenham seu senso crítico elevado. Só porque todos afirmam, não quer dizer que é verdade”, afirmou.
O paraninfo Rodrigo Alves pediu aos novos
advogados que saudassem seus pais e familiares
Rodrigo, que iniciou a carreira em 1993, destacou que sabe como é difícil o início da carreira e a inserção no competitivo mercado de trabalho. “Ainda hoje, com mais de 25 anos de profissão, sinto um friozinho na barriga cada vez que tenho de fazer uma sustentação oral ou participar de uma audiência”, contou. “Seja humilde. O advogado é o primeiro juiz da causa, se não concordar com a tese, não aceite patrocinar o interesse do cliente. Seja independente no exercício da profissão”, aconselhou.
A conselheira Lilian Fernanda Alburquerque, vice-presidente da Comissão de Processo Civil da OAB/DF, também saudou os novos advogados. “Eu sei que a trajetória foi longa e árdua, que cada um teve suas dificuldades e limitações, mas sei também que estão orgulhosos de si. Portanto, façam valer a pena cada dia dedicado”, disse.