Não é que as mulheres precisam de nós, homens, para serem o que são e não precisam de nenhum super-herói. Elas precisam que a gente apenas seja homem de verdade.
Délio Lins e Silva Júnior
Quantos de nós, homens, apoiamos as mulheres? No combate à violência contra a mulher esta pergunta é relevante e precisamos chegar a uma resposta em que o número expresse, pelo menos, a maioria. O ideal seria que todos apoiássemos. Hoje, caminhar ao lado delas, defender a equidade, ser antirracista, pois as mais agredidas são negras, é atitude de homem, sim!
O que permeia a violência contra as mulheres é o machismo, o racismo e a cultura do patriarcado. As mulheres têm dito isso. Cabe a nós, homens, nos colocarmos nas trincheiras ao lado delas, sendo humanistas, agindo no combate a todas e a qualquer forma de violência perpetradas contra as mulheres.
É certo que nunca saberei a dimensão do assédio, da importunação, da violência dirigida às mulheres, tampouco sobre a falta de equidade nas posições de liderança, nos espaços, nos salários, mas estarei sempre disponível para lutar contra a violência praticada contra as mulheres.
Nós, homens, devemos fazer um esforço, trabalhar firme, pelo fim da submissão da mulher em todos os campos. Começa por não aceitar qualquer tipo de violência, desde a psicológica à física, e também outras formas, como a política, a econômica, haja vista as desigualdades salarial e de ascensão em carreiras profissionais.
Se um homem agride uma mulher, a obrigação do outro que vê não é passar e se calar ou rir. Achar que é isso aí. Quem vê, precisa se meter. Tem que denunciar, fazer com que o agressor seja contido, tolhido. Pague pelo que fez, nas penas da lei. Claro que o nosso sistema compreende que todos têm direito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. No entanto, precisamos, nestes tempos estranhos que estamos vivendo, de um choque de realidade: chega de tanta covardia e omissão!! Quando não falamos contra essas violências, estamos nos omitindo e contribuindo para as atividades de alguns e que podem levar a agressões.
Estamos vendo massacres contra as mulheres, diariamente, e não podemos nos apequenar!
Precisamos nas nossas casas, na vizinhança, nas empresas, nas instituições públicas e privadas, em todos os espaços que temos acesso, de normalizar o respeito à diversidade das mulheres.
Somos filhos, namorados, esposos, irmãos, amigos, pais, avôs, bisavôs, a família das mulheres, tanto quanto são elas o nosso esteio. Ninguém nasceu de chocadeira!
Então, é inacreditável o que temos assistido em pleno século 21! Homens covardemente surrando mulheres nas ruas. Homens perseguindo ex-namoradas. Homens que matam por posse.
Nós que não concordamos com as agressões às mulheres não podemos nos calar de jeito nenhum. Mesmo que a gente perca o “amigo”.
Para criar os nossos filhos, que não é uma responsabilidade só das mulheres, temos de compartilhar valores construtivos. Ter amor de verdade pelas mulheres não é vergonha. Temos de falar mais disso!
Quantos de nós respeitamos os sentimentos das mulheres acerca do que elas desejam ser e fazer em suas vidas? Quantos de nós tem a coragem de dizer para a mãe, para a filha, para a irmã, para a mulher, para a amiga, “eu estou com você para o que der e vier”, ou “eu te amo”, ou “estou aqui e você nunca vai estar sozinha”?
Veja bem, se você me leu até aqui, vou acentuar minha intenção: não é que as mulheres precisam de nós, homens, para serem o que são e não precisam de nenhum super-herói. Elas precisam que a gente apenas seja homem de verdade.
Délio Lins e Silva Júnior, presidente da OAB/DF