OAB/DF celebra o Dia Nacional da Cultura com tributo a Rui Barbosa

No evento, realizado ontem (6), o secretário de Cultura do Distrito Federal, Cláudio Abrantes anunciou que o GDF e o Ministério da Cultura (MinC) vão firmar acordo para a reforma e gestão compartilhada do Teatro Nacional. A presidente da Comissão de Cultura da OAB/DF, Veranne Magalhães, afirmou que esse foi o grande presente em um dia histórico para a Ordem

A abertura contou com a vice-presidente da OAB/DF (Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil), Lenda Tariana, e com a organizadora Veranne Magalhães, conselheira seccional e presidente da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer. Prestigiaram a programação e receberam certificados de participação: o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes; os deputados federais Erika Kokay e Marcelo Queiroz, presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, e as representantes do Conselho Nacional de Políticas Culturais, Fernanda Morgani, e do Conselho de Cultura do DF, Neide Nobre. A advogada Ariane Guimarães gravou vídeo com mensagem aos participantes.

O dia 5 de novembro foi escolhido para comemorar e conhecer um pouco mais da cultura brasileira e une a celebração do nascimento de Rui Barbosa, em 1849 – ele é um dos nomes mais influentes dentre os advogados na história do Brasil República e é patrono da advocacia.

Para celebrar a data e o nascimento de Rui Barbosa, a Comissão de Cultura da OAB/DF convidou o artista Roger Mello, que apresentou o espetáculo “Carmim canta Lamartine”. Ele trouxe em sua concepção pesquisa musical extensa, sofisticada e criativa de Lamartine Babo. Essa apresentação aconteceu após as falas de Lenda Tariana, de Veranne e dos convidados. Também na abertura, houve a execução do hino nacional, peça executada pela clarinetista da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, Renata Menezes, acompanhada de Victor Angeleas no bandolim.

Boas-vindas

Lenda Tariana deu as boas-vindas em nome da OAB/DF: “é bonito ver a Casa se transformar para receber homenagens a Rui Barbosa, pois, sem dúvida, se somos juristas e brasileiros, temos nele a referência porque ele é parte da realidade e da advocacia que vivenciamos hoje; assim, este é um dia para a gente transbordar de alegria e de orgulho por ele”. A vice-presidente homenageou a presidente da Comissão de Cultura da OAB/DF, Veranne Magalhães, pelo “olhar dedicado e especial, capaz de trazer à Casa a possibilidade de enxergar a cultura não só pelo viés legal, mas de um modo que a gente possa sentir e ver”.

Representante do Conselho Nacional de Políticas Culturais, Fernanda Morgani, falou sobre a parceria da OAB/DF com a militância social, cultural e educacional do Distrito Federal. “Como sociedade civil cumprimento todos os integrantes desta Casa e também este importante trabalho”. Sobre o Conselho, Morgani destacou que os desafios dizem respeito, justamente, às questões normativas. “Estamos vivendo um momento da IV Conferência Nacional da Cultura e precisamos muito desta parceria”, destacou para pedir apoio em suporte na análise sobre os direitos da população à cultura. “Temos de pensar o acesso a informações… não podemos perder direitos. Temos de garantir a democracia na cultura”, concluiu.

Falando pelo Conselho de Cultura do DF, Neide Nobre, agradeceu estar na OAB/DF e enalteceu a iniciativa para expor: “É necessário garantir o cumprimento das leis e fortalecer a legislação vigente, nosso Sistema Nacional de Cultura e o Sistema de Arte e Cultura do DF. Temos de uniformizar entendimentos jurídicos, estimular boas práticas e dar segurança tanto aos gestores quanto a entes e agentes culturais”. Ela destacou que o setor dinamiza o PIB brasileiro e que este é um momento especial porque estão em formação conselhos no Brasil inteiro. “Aqui no DF temos apenas 4 membros da sociedade civil. No passado, eram 12! Temos de ampliar já que esses espaços nos trazem representatividade”, pontuou.

Teatro Nacional

Aos participantes do evento, o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Cláudio Abrantes, anunciou um acordo de cooperação técnica entre o GDF e o Ministério da Cultura, que está em vias de ser finalizado para a reforma e restauro do Teatro Nacional da parte que ainda não está tratada, a Villa Lobos; também para uma gestão compartilhada do espaço. “A gente espera, em breve, divulgar os termos e inclusive com o cronograma de atividades e de ações para a reconstrução, reforma e restauro do Teatro Nacional”, disse Cláudio Abrantes, logo após a sua fala.

A presidente da Comissão de Cultura da OAB/DF, Veranne Magalhães, afirmou que esse anúncio foi o grande presente em um dia histórico para a Ordem do DF, ao receber autoridades e promover inédita programação cultural com o espetáculo “Carmim canta Lamartine”, concebido e conduzido pelo artista Roger Mello.

Apoio no Legislativo

Os deputados federais Marcelo Queiroz e Érika Kokay representaram a Câmara dos Deputados e destacaram a possibilidade de colaborar com a Cultura a partir do Legislativo.

Como advogado, Marcelo Queiroz parabenizou a OAB/DF pela realização do evento: “Aqui, celebramos o Dia Nacional da Cultura e Rui Barbosa, que é nosso ícone da liberdade de expressão e dos direitos individuais. Ele contribuiu muito para o desenvolvimento cultural brasileiro e de uma forma riquíssima.” O deputado disse ainda que haverá a celebração – no próximo dia 22 de novembro – dos 10 anos da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. “Essa foi a comissão que atuou pela aprovação das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc” – textos que preveem o repasse, de forma descentralizada, de recursos para fomento do setor cultural e que visam atenuar os efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19. Convidamos a OAB, que tem papel fundamental em mais temas, como a Reforma Tributária, a estar conosco também nesse dia”, frisou.

A deputada Érika Kokay fez uma reflexão sobre o papel da cultura na vida das pessoas e na sociedade, como instrumento de fortalecimento da democracia: “o arbítrio sempre se sente ameaçado pela cultura e pelas linguagens artísticas, pelo riso, pela dança, pelo canto, por todas as formas de expressão da nossa própria humanidade”, citou, lembrando palavras do ator Paulo Gustavo. Segundo ela, “cultura é como deixamos nossas marcas”. Quando se tenta “arrancar a cultura”, se busca “arrancar a humanidade” de cada um. Ela criticou o subjugar de uma cultura por outra. “Seres humanos são seres culturais”. Finalizou defendendo a diversidade. “A cultura rompe a desumanização… e é fundamental, portanto, ter essa discussão aqui na OAB. Este é um território de resistência…” A deputada falou ainda sobre a importância de debater a prorrogação da Lei Paulo Gustavo sem demoras para a sua implementação.

Em vídeo a advogada Ariane Guimarães deu sua contribuição sobre a política de colaboração dos entes federados por meio do Sistema Nacional de Cultura. “Essa norma define direito cultural como exercício das garantias jurídicas de direito autoral, criação, produção, distribuição, difusão, registro, fruição e consumo de bens artísticos e patrimônio cultural, resguardadas a dignidade da pessoa humana e a plena liberdade de expressão da atividade artística e intelectual… Há muito que precisava ser tutelada do ponto de vista sistêmico e de acordo com a Constituição Federal de 1988”, explicou para defender sua aplicação em plenitude.

O espetáculo

Roger Mello contou que a comunicação foi a principal mensagem do espetáculo. “Expusemos a importância da correspondência como um gênero em que a delicadeza das relações se assume como uma força poética, da existência entre pontas dialógicas: de quem escreve, de quem lê e de quem responde as cartas. Carmim desacelera o tempo até a década de 1930 para mostrar desencontro de expectativas e o encontro de almas. É o Brasil da gentileza profunda das relações”, definiu.

Nesse espetáculo, os arranjos e a direção musical, do maestro Tibor Fittel, fazem pontes entre o teatro musical e a música escrita para teatro com compositoras e compositores contemporâneos. A apresentação contou com citações, anedotas e as curiosidades sobre personalidades da música do teatro brasileiro, a presença das mulheres amigas de Lamartine e compositores e intérpretes fundamentais do Brasil. “Carmim canta Lamartine é um show musical com um enfoque documental, buscando dar à plateia sequências polifônicas, seguindo com nossa pesquisa no envolvimento do público que usamos na peça Carmim. Um diálogo com a obra da artista Janet Cardiff”, completou Roger Mello.

A pesquisa musical reúne 19 canções de Lamartine ou em colaboração com seus parceiros e parceiras artísticas, desde clássicos como “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda” à marchinha “Bonde Errado”, vencedora do Carnaval de 1930.

“Carmim canta Lamartine” teve a participação de cantores, cantoras e musicistas contemporâneos de Brasília. Em cena Larissa Lopes, Fernanda Vitória, Renata Menezes, Roger Mello, Victor Angeleas e Zé Krishna. Participação especial de Cely Curado.

Jornalismo OAB/DF