OAB/DF marca sua ação do Dia da Consciência Negra com filmes e debates - OAB DF

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DÉLIO LINS

OAB/DF marca sua ação do Dia da Consciência Negra com filmes e debates

Na celebração do Dia da Consciência Negra, segunda-feira (20/11), a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), em atividade com apoio e organização da Diretoria e da Comissão de Igualdade Racial; da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer e da Comissão da Mulher Advogada, promoveu o evento “Cinema DF e Direito em Debate” com mostra de documentários exibidos no auditório do edifício-sede.

Essa atividade visou destacar questões em debate sobre a população negra na atualidade. O primeiro curta-metragem exibido foi “Benevolentes”, do cineasta Thiago Nunes. “O roteiro é de 2020, quando começamos a gravar. Seguimos gravando em 2021. Tivemos a previsão de lançar em 2022, porém não foi possível por questões técnicas. Agora, em 2023, vamos lançar como longa-metragem. Juntaremos partes do curta que apresentamos aqui na OAB/DF e que antes foi mostrado no Festival de Curta de Brasília de 2021 e acrescentaremos no longa. Assim serão incluídas novas imagens que temos guardadas desde 2021 e 2022”, conta o diretor. “A mensagem primordial deste filme é de que o racismo precisa ser combatido e discutido, diariamente, em âmbitos das escolas e da sociedade em geral. Racismo é crime, coisa hedionda”, diz Thiago Nunes.

“Benevolentes” aborda o racismo sob a perspectiva de brasilienses negros que lidam diariamente com a questão. O filme foi gravado a partir de entrevistas da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF. De acordo com o presidente da Comissão de Igualdade Racial, Beethoven Andrade, na época que o diretor Thiago Nunes o procurou, ele (Beethoven) tinha escrito um artigo, sob o impacto de um episódio em que foram efetuados, por militares, 80 tiros contra o carro de uma família do Rio de Janeiro, provocando a morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, que morreu na hora.

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Presidente da Comissão de Igualdade Racial, Beethoven Andrade

“Fiz o texto desse artigo com o meu coração muito inflamado com esse episódio no Rio de Janeiro. O Estado, ficava tentando justificar o que ocorreu de forma esdrúxula. Por isso, questionei no artigo, publicado pelo Correio Braziliense: por que nós, negros, temos de ser benevolentes com toda essa maldade? Entendo que é importante que as pessoas brancas participem do processo de mudança e de superação do racismo porque isso não depende somente das pessoas negras. Depende da coletividade”, considera Beethoven.

Carolina

O segundo curta-metragem exibido foi “Carolina em outras faces”, que conta a história de duas mulheres negras que conquistaram projeção e ascenderam socialmente. Uma delas é Maria das Graças Santos, empreendedora em Brasília; a outra é Josefina Serra dos Santos, advogada que foi a primeira Secretária de Estado de Igualdade Racial do Distrito Federal e a primeira presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF. As entrevistas desse documentário são permeadas pela história e textos da escritora do livro “Quarto de Despejo”, Carolina Maria de Jesus. Nessa obra, ela narra passagens de sua sobrevivência como catadora de lixo e metal em São Paulo, em uma narrativa vigorosa.

Lucas Rafael, diretor do curta-metragem “Carolina em outras faces” contou que a obra foi uma sugestão enquanto ele era convidado na matéria da professora e doutora Edileuza Penha na Universidade de Brasília (“Etnologia visual da imagem do negro no cinema”). “No curso falamos sobre Carolina de Jesus, uma pessoa negra que tinha uma prática intelectual, quando a educação era oferecida majoritariamente a pessoas brancas. O curta resgata, portanto, o exemplo dela. Buscamos mulheres negras que pudéssemos traçar um paralelo com ela. Mulheres que, por meio da educação e da cultura, do fazer, conseguiram ascender economicamente e também socialmente, apesar das barreiras da sociedade de uma maneira geral”, detalhou o diretor do curta.

Fernanda Morgani, a atriz que interpreta Carolina de Jesus, disse que foram dois dias intensos de preparação e de imersão na personagem para gravar de uma vez só, sem chance de regravar. Como ela já conhecia bem a obra de Carolina antes, por leitura, foi uma experiência intensa, única: “Sempre fui muito fã da Carolina e pude mergulhar na forma como ela lidava com os seus filhos e enfrentava a vulnerabilidade social e, ainda assim, produzia a escrita vigorosa que conhecemos. Hoje, passados esses anos desde 2015/2016, sinto que falamos mais sobre racismo e sobre a identidade negra. Foi um pontapé de militância para mim, e percebo que as pessoas querem saber mais, hoje, pois estão incomodadas e querem mudanças, superação do racismo.”

Debates

Após a exibição dos filmes, foram realizados debates. O primeiro teve a mediação do presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF, Beethoven Andrade. Debatedores: Thiago Nunes, diretor do curta-metragem “Benevolente”; Patrícia Guimarães, vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF e Lucia Helena, advogada membra da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF.

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Participantes do primeiro debate receberam certificados da OAB/DF

O segundo debate, mediado pela presidente da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer da OAB/DF, Veranne Magalhães, contou com os debatedores Lucas Rafael, diretor do curta-metragem “Carolina em outras faces”; Maria das Graças Santos, que atuou pelo Movimento Negro Unificado do DF e é empreendedora, a advogada Lúcia Helena, Rita Andrade, produtora cultural e membro consultora da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer da OAB/DF, e a atriz Fernanda Morgani.

Veranne Magalhães, como organizadora desse evento, destacou que é muito importante a Ordem estar atuando fortemente nessa frente contra o racismo e utilizando a arte como forma de acesso à informação, à sensibilização e à produção de conhecimento. Ela trouxe, na abertura do evento, a imagem da boneca Abayomi, de pele negra e estética afro, feita com retalhos de pano e malhas. “A mensagem desta boneca é o fortalecimento da autoestima da população afrodescendente”, destacou Veranne.

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Presidente da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer, Veranne Magalhães

Também prestigiou o evento a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF, Nildete Santana de Oliveira, que antes já havia comentado que a ocasião “é uma oportunidade de debater esse tema essencial à população brasileira e especialmente à mulher negra, que ocupa o pico da pirâmide, quando se trata de discriminação, de preconceito e de baixa remuneração”.

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OAB/DF celebra Dia da Consciência Negra

Jornalismo OAB/DF