Seminário debate questões históricas e contemporâneas no combate à discriminação racial – OAB DF

“Ser inclusivo, ser plural, ser independente,
ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Seminário debate questões históricas e contemporâneas no combate à discriminação racial

A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) promoveu o Seminário “Ancestralidade e Racismo”, reunindo especialistas e lideranças de diversas áreas. O evento, que ocorreu nos dias 26, 27 e 30 de setembro, abriu espaço para a discussão sobre questões históricas e contemporâneas relacionadas à discriminação racial e à luta pela igualdade.

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A organizadora do evento e presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/DF, Marcela Furst, celebrou a concretização do seminário e agradeceu a colaboração dos presidentes das comissões envolvidas, destacando a importância de debater questões raciais de maneira ampla e colaborativa.

“Estou muito feliz pela realização deste evento que idealizei. Agradeço aos Presidentes das Comissões participantes, Dr. Beethoven, Dra. Carla e Dra. Clarita, pela parceria e ajuda na organização e convite dos palestrantes. Precisamos debater cada vez mais o racismo, os preconceitos e as resistências, juntos. Para que as pessoas brancas reflitam e, dos seus lugares de privilégios, sejam antirracistas,” afirmou Marcela.

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O presidente da Comissão de Igualdade Racial e Social da OAB/DF, Beethoven Andrade, reforçou a importância do congresso. “O debate e dialogo com as demais comissões é fundamental para o desenvolvimento do combate à qualquer forma discriminação, preconceito e do racismo dentro da OAB, por isso considero o seminário de ancestralidades como um dos encontros mais importantes ocorridos no decorrer do ano, foi renovador poder ouvir cada palestrante, que compartilharam suas experiências e vivências com os presentes.”

No dia 26 de setembro, as palestras focaram nas estruturas históricas que sustentam o racismo no Brasil e os impactos desse sistema na sociedade contemporânea. O historiador e antropólogo René Marc, professor do UniCeub, abriu o debate com uma análise das bases coloniais que construíram o racismo estrutural no Brasil. “O racismo no Brasil é resultado de séculos de exclusão social e política, que ainda se reflete nas instituições e no cotidiano de milhões de brasileiros.”

A psicóloga Neusa Maria, especialista em saúde mental e direitos humanos, abordou os efeitos psicológicos do racismo nas populações negras e marginalizadas. “O racismo gera traumas profundos que afetam diretamente a saúde mental das pessoas, perpetuando ciclos de violência emocional e exclusão.”

A advogada Patrícia Guimarães, neta e filha de quilombolas e copresidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF, trouxe uma perspectiva pessoal e jurídica ao debate. “Nosso papel, como advogados, é garantir que essa luta seja reconhecida e que possamos promover a igualdade racial de maneira efetiva no sistema jurídico.”

O segundo dia de evento, tratou sobre os povos indígenas e suas lutas por reconhecimento e preservação de direitos. O pesquisador indígena e doutorando em Antropologia Social pela UnB, Wisllem Apurinã, trouxe à tona a relação entre ancestralidade e resistência. “Nossa luta é pela sobrevivência cultural, contra o apagamento histórico e o racismo que enfrentamos diariamente.”

O juiz auxiliar do CNJ, Jônatas dos Santos Andrade, destacou o papel do Judiciário na proteção dos direitos dos povos originários, ressaltando a importância de uma atuação mais assertiva das instituições públicas. “O sistema judiciário tem a responsabilidade de garantir os direitos dos povos indígenas e combater o racismo institucionalizado. Essa é uma questão de justiça e dignidade.”

A presidente de mesa foi Carla Eugênio, presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, e a mediação ficou a cargo de Cláudia Franco, antropóloga e indigenista com mais de 25 anos de experiência. “O território não é apenas um espaço de sobrevivência material, mas também um espaço sagrado, habitado pelos espíritos dos ancestrais, o espírito de todos os encantados da floresta. Essa relação espiritual com a terra fortalece a luta pelos seus direitos, pois a defesa territorial não é apenas uma questão jurídica ou econômica, mas uma questão de sobrevivência da sua própria existência.”

Encerrando a programação do Seminário “Ancestralidade e Racismo”, foi realizado um podcast que abordou temas complexos relacionados ao racismo e antissemitismo, com a participação de palestrantes de diversas áreas de estudo e atuação. O debate explorou questões como judaísmo, afrodescendência, xenofobia e extremismo político.

O bate-papo contou com a participação de Juvenal Araújo, subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial do Distrito Federal; Rabino Theo Horz, historiador; Matheus Alexandre de Araújo, doutorando e estudioso do antissemitismo contemporâneo e Mourad Ibrahim Belaciano, doutor em Ciências da Saúde.

A mediação do Podcast foi realizada por Clarita Costa Maia, presidente da Comissão de Relações Internacionais da OAB/DF, e Marcela Furst, presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/DF.

Ao final do episódio, Clarita agradeceu a presença de todos e reforçou a necessidade do debate. “Na verdade, hoje foi um dia de muito aprendizado. Eu realmente não tenho um conhecimento aprofundado sobre o tema, e vocês agregaram muito. Considero fundamental me preocupar constantemente em ser antirracista e unir forças com todos para que possamos ter um melhor letramento e aprendizado. Assim, podemos realmente trazer mudanças significativas para o mundo.”

Assista ao Podcast completo.

Jornalismo OAB/DF

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