Carreiras Tec: mais ideias inovadoras para escritórios de advocacia e órgãos públicos - OAB DF

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ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Carreiras Tec: mais ideias inovadoras para escritórios de advocacia e órgãos públicos

O primeiro curso de inovação na advocacia do Carreiras Tec: Casos Práticos de Tecnologia Aplicada aos Serviços Jurídicos, finalizado com o concurso do Melhor Projeto de Tecnologia Aplicada aos Serviços Jurídicos, teve experiências extremamente inovadoras apresentadas tanto para o interesse de escritórios de advocacia quanto o da gestão pública. Veja aqui quem venceu o concurso.

Carlos Eduardo Rabelo Mourão, Kadu, um dos coordenadores desse curso, conta que foi muito difícil escolher entre tantas boas propostas de inovação. Ele, que atua no Jusbrasil como analista de gestão de produtos, afirmou que teve “surpresas muito positivas do curso em si e da primeira turma que o concluiu”.

Para Kadu, Carreiras Tec proporcionou na sua estreia um dos cursos mais extensos e completos que já viu no mercado sobre o tema da inovação na advocacia, com 50 horas-aula, contando com o módulo teórico (aulas ministradas pelos professores) e o módulo prático (momento de protagonismo dos alunos), assistidos em monitorias realizadas por profissionais de larga experiência.

“Os alunos apresentaram trabalhos visando a implementação de uma nova tecnologia ou a criação de uma área específica para aprimoramento de escritórios ou de departamentos jurídicos em órgão público. “Foram soluções que  aprofundaram detalhes da gestão e do funcionamento desses espaços. O que me surpreendeu, primeiramente, foi a qualidade desses trabalhos, pois deu para ver que os alunos realmente se engajaram, que absorveram aquele conteúdo das aulas e que pretendem, inclusive, levá-lo para aplicar nos seus próprios contextos, seja nos seus escritórios, seja em escritórios de outras pessoas ou em órgãos públicos”, relatou Kadu.

Para o analista da Jusbrasil, a segunda boa surpresa, extremamente positiva, foi ver como a OAB/DF e alguns dos escritórios de advocacia do Distrito Federal têm lidado com a questão da tecnologia e soluções inovadoras, seja pela qualidade das apresentações dos mentores, seja pelas avaliações dos membros da banca. “Todos estavam por dentro dos contextos e também tinham o interesse e a visão de que a tecnologia veio para melhorar o trabalho da advocacia, para aprimorar ainda mais a prestação de serviços jurídicos e não para substituir ou para diminuir a importância do ofício de advogar.”

Sobre esse engajamento em uma nova cultura que abraça a tecnologia, Kadu detectou ser uma constância ao longo do curso, tanto por parte dos escritórios de mentores quanto dos avaliadores da banca. “Assim, fiquei satisfeito com o resultado dos alunos e de ver essas pessoas que participaram com a gente em outras esferas da organização. Estou ansioso para novas oportunidades, acho importante expandir esse projeto, seja na própria Seccional do Distrito Federal, seja em outras seccionais da OAB”, completou.

Após destacar o primeiro e segundo lugar (leia aqui), a OAB/DF apresenta os projetos que ficaram em terceiro, em quarto e em quinto lugar no concurso do Melhor Projeto de Tecnologia Aplicada aos Serviços Jurídicos do Carreiras Tec. Confira a seguir.

Terceiro lugar: Doutor Bot

“O que você faria se não precisasse gastar tanto tempo comunicando o andamento do processo ao seu cliente e tirando suas dúvidas?” Essa questão levou o grupo 2 do concurso do Carreiras Tec, primeira turma, a criar um roteiro de atendimento absolutamente inovador.

Segundo Matheus Resende, um dos integrantes desse grupo de trabalho, em média, profissionais de escritório passam quase 2,5 horas por dia comunicando o andamento do processo ao cliente, tirando dúvidas. São explicações das mais simples às mais complexas.

“Nossa solução foi trabalhar com chat bot programado para responder as perguntas mais frequentes no escritório de advocacia com texto e até informando sobre os andamentos processuais em vídeo. Focamos em poupar o tempo do advogado e esclarecendo muitas das dúvidas de seus clientes”, contou Matheus.

Outro aspecto desse trabalho foi pensar em um atendimento envolvendo uma “conexão eficiente e humanizada com o cliente”. Matheus, que tem 23 anos, e pegou sua carteira de advogado há apenas duas semanas, disse estar muito agradecido pelo curso realizado: “foi muito bom, pois abriu os horizontes para nós, alunos”.

Segundo Matheus, o interessante, também, foi poder interagir com pessoas de diferentes idades, uns mais jovens, outros mais experientes, e com expertises variadas. “Tivemos gente da advocacia privada e outras do serviço público. Também de diferentes regiões do país. Foi realmente um processo muito enriquecedor. Estamos motivados a trilhar o caminho da criatividade e o do desenvolvimento de ideias”. Ele quer avançar na carreira, justamente, unindo advocacia e tecnologia.

Quarto lugar: O caso da AEB

Henrique Troccoli Jr. trabalha na Advocacia Geral da União (AGU) e chefia uma unidade da Procuradoria junto à Agência Espacial Brasileira (AEB). Ele falou sobre o trabalho desenvolvido pelo grupo 8: a implementação de uma área de Visual Law dentro da AEB, que é uma autarquia do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, com autonomia administrativa e financeira.

“Vejo que temos muito retrabalho na comunicação do que fazemos e, assim, não podemos ofertar nossa máxima potencialidade em produtos. De outro lado, temos deficiência em informar bem nossos diversos públicos, pois estamos agindo em redundância. Para explicar melhor: recebi uma demanda na AEB, do Itamaraty, pedindo informações sobre as convenções de Direito Espacial das quais o Brasil é signatário. No nosso trabalho de inovação pensamos em não responder essa demanda da forma tradicional, mas utilizando o Legal Design e entregando uma resposta com a utilização do Visual Law, bem mais acessível a qualquer público”, resumiu Henrique.

Ele descreveu que o processo de discussão iniciou-se por pensar em cartilhas para os parceiros, como o Itamaraty, e levando em conta muitos outros que buscam informações da AEB, como escolas, empresas, Congresso Nacional. Focaram em materiais temáticos, explicando a missão e o trabalho desenvolvido pela agência.

Temas complexos pedem linguagem que traga mais simplicidade para a compreensão de quem não é do ramo, sendo acessível a quem busca informações, ou seja, visando atender o usuário que é sujeito de direito das políticas públicas: imagens, vídeos, infográficos, fluxogramas, storyboards, dentre outros. “Entendemos que seria uma verdadeira mudança de paradigma na administração pública, onde o foco principal passa a ser o cliente ao qual se destina a informação”, argumentou Henrique, para quem essa ideia pode prosperar e ser modelo para outros órgãos da administração direta e indireta.

Implantar uma unidade de Visual Law dentro da AEB abrangeria pensar nos recursos materiais que já existem (sala, mobiliário, computadores, impressora, acesso à Internet) e humanos (um advogado, uma pessoa de marketing e um designer).  Seria algo de baixo custo e traria uma mudança com muitos resultados positivos para o poder público, seus parceiros institucionais e a sociedade. “Trabalhamos com satélites que ajudam no monitoramento do desmatamento, de queimadas e trazem outras informações importantíssimas, como as que apoiam o agronegócio. Enfim, temos inúmeras ações importantes a serem bem comunicadas a um leque muito grande de interessados.”

“É uma solução escalável que pode trazer retorno à sociedade a partir de informações de qualidade e facilmente compreensíveis”, finaliza Henrique, considerando que está orgulhoso de ficar em quarto lugar no concurso do Carreiras Tec. “Foi o melhor curso que já fiz! Nele tivemos trabalhos incríveis. Aprendi muito e pude levar esse problema e pensar as soluções. Temos de romper com o papel de escribas e creio que o curso nos ajuda a sair disso.”

Quinto lugar: Criando a UAI

O grupo 7 da primeira turma do Carreiras Tec quis aprofundar respostas para “a ausência de informações jurídicas organizadas para tomada de decisões no escritório”, sintetizou Weberson Silva. A resposta do grupo para enfrentar essa barreira foi criar a Unidade de Análise de Informações (Uai). “Idealizamos como papel dessa área ser uma central de gestão da informação com criação, aquisição, armazenamento, análise e uso de dados ajudando o escritório no acesso, processo e utilização de forma eficiente e eficaz, permitindo que os dados estejam sempre disponíveis e facilmente acessíveis, de forma a garantir decisões mais ágeis e embasadas”, explico o advogado.

Trata-se de uma solução com propósito de abranger todos os colaboradores das áreas jurídicas do escritório, bem como as administrativas, controladorias, financeira e operacional, com benefícios diretos a todos em redução de rotinas e na organização de informações realmente relevantes.

Na atuação analítica e de jurimetria, por exemplo, a UAI analisaria os dados estruturados que auxiliariam na tomada de decisões e na otimização do ciclo da atividade processual do usuário assegurando maior qualidade e produtividade.

Weberson acredita na viabilidade dessa nova área e planeja seu futuro como um profissional atuando nesse meio de campo em vez de advogando para clientes finais. “É um caminho interessante, muito promissor, acredito”, disse o advogado especializado em Direito Administrativo e que se vê mais como um aspirante a advogado cientista de dados.

Essa proposta prevê a capacitação por meio de parceiros, dentre eles: OAB/DF, com o Carreiras Tec e Finted e Jusbrasil Academy com mais cursos de interesse.

Custos estimados? Weberson garante que essa inovação é plenamente possível pelo relativo baixo custo e pela economia que poderá proporcionar de tempo e na tomada de decisões dos escritórios de advocacia.

Leia mais sobre o Carreiras Tec aqui.

Texto: Montserrat Bevilaqua