As últimas seis edições da 1ª fase da OAB tiveram o menor índice de aprovados. Isso questiona a viabilidade da prova e a qualidade dos cursos de direito – e da educação, em geral
Para o advogado Maurício Gieseler, que edita o Blog Exame de Ordem (com cerca de 20 mil acessos diários), a última prova foi um pouco mais rigorosa, mas há uma questão mais antiga. “Esse conhecimento mínimo exigido do advogado é definido pela OAB e pela FGV, responsável pela prova, mas não há um consenso”, aponta.
O secretário-geral adjunto da OAB-DF, Juliano Costa Couto, destaca que o exame é importante, já que muitos profissionais não saem qualificados da faculdade. “Esse tipo de avaliação deveria ser empregado, inclusive, para outras profissões”, considera. Porém o secretário reconhece que a comunicação entre a OAB e as instituições de ensino superior deve ser mais ampla, para identificar os pontos em que estas precisam melhorar.
A advogada Thays Maciel, 23 anos, passou na 8ª edição do exame. Ela acredita que mudanças são necessárias, principalmente no processo de correção da segunda fase. “Existem respostas padrão e, se você não escreve exatamente aquilo que sai no gabarito, a sua é considerada errada”, observa. Para a bacharel, isso não avalia o aluno, pois é um processo eliminatório.
Quanto aos que não passam na primeira fase, Thays acredita que a responsabilidade é muito mais da faculdade. “Por isso, passar por um bom estágio faz muita diferença na hora do exame”, opina. Apesar das deficiências, eles ainda consideram que o exame deve existir.
Anos de (des)preparo
Categorizando os cursos de direito de excelência no Brasil, a Ordem criou o Selo OAB em 2011, que entregou os certificados a 89 instituições, sendo duas de Brasília. Maurício Gieseler vê com desconfiança a classificação. “São levados em conta os resultados do exame da OAB e do Enade, que é uma avaliação sem impacto claro”, argumenta. Juliano Costa Couto admite que nem todas as faculdades e universidades sem selo são ruins e lembra que bons professores e boa instituição não são suficientes. “A conduta do aluno interfere muito no seu rendimento.”
Os dois advogados concordam, no entanto, que o problema não é só esse. Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), 38% dos universitários brasileiros são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associa r informações. Ou seja, a maior defasagem ainda está no ensino básico.
SugestõesConfira dicas do blogueiro Maurício Gieseler sobre a prepararação para a prova: