O conselheiro da OAB/DF Leon Frejda Szklarowsky presta homenagem ao advogado Marcello Rodrigues Palmieri, uma das vítimas do Airbus da TAM, que no último 17 de julho, ao tentar pousar no aeroporto de Congonhas, se chocou contra um prédio e explodiu. Palmieri retornava de Porto Alegre (RS) para São Paulo, após proferir uma palestra sobre Direito.
Homenagem Marcello Rodrigues Palmieri
Marcello Rodrigues Palmieri foi uma das tantas vítimas do maior desastre da aviação brasileira. Centenas de pessoas foram devoradas pelo fogo. O inferno transferiu-se para a Terra, sem que lhe fosse autorizada essa vinda. Mas veio. As chamas impiedosamente transformaram São Paulo em um fogaréu, literalmente “carbonizando” as pessoas que viajavam no colosso de metal, desafiando os céus e as alturas, mas não teve forças para decolar, novamente, e salvar os infelizes passageiros da morte, além dos que trabalhavam em terra, coincidentemente no prédio da própria TAM, que dava nome ao avião sinistrado.
Cenas dantescas daqueles que tentavam salvar-se, atirando-se ao chão, mas que a sorte não os ajudou, chocaram parentes, amigos e desconhecidos. Os poucos, que conseguiram sair das labaredas e dos destroços com vida, não esquecerão jamais esses momentos tenebrosos e não perdoarão seus algozes.
Há poucos meses, mais de uma centena de pessoas também foram vítimas de uma rara colisão entre aviões, ainda mal explicada, pela tediosa burocracia que não leva a nada, a não ser tentar livrar-se de possível culpa, invocando o acaso e as forças do além ou acusando-se mutuamente.
Congonhas, onde ocorrera o acidente, de tão graves proporções, quase se torna cenário de outra hecatombe. No Amazonas, felizmente, o desastre não se consumou.
Enquanto isso, a impunidade grassa, os verdadeiros culpados abrem a boca para rir da desgraça da população indefesa e submissa e a Constituição que surgiu, em 1988, para restaurar a democracia, jaz impotente e dilacerada. As leis punitivas clamam por sua aplicação.
É preciso fazer alguma coisa. Já. Ninguém pode ficar inerte, como adverte Carlos Pinto Coelho Motta, em sua mensagem de dor e lágrimas incontidas, aos amigos, lamentando a morte do querido Marcello Rodrigues Palmieri e de centenas de pessoas que com ele se foram para sempre.
Meu querido amigo Palmieri, você será sempre lembrado como o jovem alegre e inteligente, que brindou seus pares com sua jovialidade e enriqueceu o cenário jurídico com o seu brilho e cultura. Na Editora NDJ, onde você pontificava, com certeza, seus amigos, colegas e discípulos jamais o esquecerão. Sua imagem, seus trabalhos, sua juventude estarão sempre presentes, por que:
A vida, o prelúdio da morte, que, certamente, não é o fim, A vida, o antecedente necessário de um mundo melhor, A vida, o caminho de comunicação entre o homem e o desconhecido, A vida, o caminho da purificação, se bem vivida, O corpo, quando invólucro de uma alma sublime, O corpo, quando invólucro de uma alma pura, O corpo, quando invólucro de uma alma limpa, O corpo, quando invólucro de uma alma iluminada, O corpo, quando invólucro de uma alma luzidia, O corpo, quando invólucro de uma alma em estado de graça, Não perece jamais. Não desaparece. Apenas se transforma. Apenas se movimenta!
O ser humano, desde os tempos imemoriais, tem-se preocupado com o túnel que o separa da vida terrena, ou seja, desta vida na Terra daquela que atingirá após passar para a outra realidade. A morte é, pois, esse túnel ou, se preferirem, a ponte entre essas duas dimensões, porque acredito na vida-vida e não vida-morte.
Não obstante, como apregoa o amigo Carlos Pinto Coelho Motta, não basta protestar contra essa situação calamitosa, que vive o brasileiro, e repercute no mundo todo, é preciso agir, punir os verdadeiros culpados e omissos, e encontrar soluções que evitem repetições dramáticas.
Leon Frejda Szklarowsky Advogado e escritor