Moderadores de perfis que informam sobre blitze no Distrito Federal tiraram o sistema do ar depois de decisão de juiz do Espírito Santo, mas usuários ensinam novo modo de publicar informações para burlar a determinação; OAB-DF diz que medida contraria liberdade de expressão
10 de Janeiro de 2012 às 08:48
Brasília 247 – A decisão de retirar do ar perfis do Twitter e do Facebook que alertam motoristas sobre as fiscalizações da Lei Seca proferida pelo juiz Alexandre Farina Lopes, da Vara de Inquéritos Criminais de Vitória, no Espírito Santo, repercutiu na capital do País. Como a determinação para aquele estado abre jurisprudência para os outros, moderadores desses perfis em Brasília – a 1.250 km de distância da capital capixaba – suspenderam temporariamente o serviço.
Quem acessou as redes sociais neste fim de semana encontrou o sistema fora do ar, mas pôde aprender um novo “jeitinho” para burlar a decisão. Os tuiteiros ensinam que as informações podem ser rastreadas usando o hashtag, ou seja, pesquisando por #radarblitzdf, #trânsitodf, #informablitzdf ou #blitzdf. Às 19h de segunda-feira (9), os perfis voltaram a funcionar, mas sem informações sobre as blitze, apenas com dados sobre acidentes e engarrafamentos.
Uma sequência de mensagens postadas freneticamente fazia questão de ensinar aos seguidores a nova tática para informar sobre as blitze. Em tom de revolta ao que chamam de “mordaça”, os tuiteiros massificaram a informação. A indignação dos tuiteiros de Brasília ganhou força com o posicionamento do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal, Francisco Caputo.
Mesmo em férias, Caputo considerou, em nota enviada ao Brasília 247, que a decisão do magistrado capixaba “contraria a liberdade de expressão, que tem estatura Constitucional e é pilar do Estado Democrático de Direito.”A entidade recomenda, ainda, que o “Executivo municipal, estadual e federal um massivo investimento em educação. Só assim teremos a sonhada paz no trânsito.”
Caputo reconhece as preocupações do juiz Alexandre Farina de cancelar a divulgação de informações nas redes sociais. “A OAB compreende as razões que nortearam a decisão do magistrado capixaba, em especial a enorme comoção social ante a violência registrada diariamente no trânsito, que vem fazendo vítimas entre crianças, jovens e até famílias inteiras”. Mas reforça que essa não é a medida ideal.
Nesta semana, os moderadores de Brasília devem decidir sobre o futuro dos perfis na internet. A informação está na própria página. “Só para avisar a galera, os serviços do Radarblitz estão suspensos até uma reunião do grupo para decidir o que fazer depois da decisão no Espírito Santo.”
Além das blitz
Os perfis que divulgam informações de trânsito costumam orientar os motoristas sobre engarrafamentos nas vias, acidentes e até denunciam furtos de carros. É bem verdade que essas páginas servem como um caminho para fugir das fiscalizações da Lei Seca, mas não são apenas para isso. Quem geralmente abastece o sistema é o próprio seguidor que compartilha a informação, que, em seguida, é retuitada, ou seja, republicada pelos moderadores e seguidores. Ninguém lucra com publicidade nesse sistema. É informar por informar, como se fosse um serviço de “utilidade pública”. O compartilhamento das informações tornou-se mais frequente com o aumento de pessoas com celulares conectados 24 horas na internet.
Fonte: Brasília 247