Com o aumento da violência nas escolas, a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), por meio da Comissão de Direito Sistêmico, tem abordado temas com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância de uma comunicação assertiva e de como evitar conflitos geradores da violência.
Neste sentido, a presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/DF, Marcela Furst, relembra a participação no podcast “Semana em Pauta”, da Rádio Justiça (do STF), no dia 31 de março, falando sobre a violência nas escolas. Confira aqui.
Com o olhar voltado para a comunidade escolar, Marcela Furst explica que está em andamento o ‘Projeto OAB Vai à Escola’, em parceria com a Subseção de Samambaia da OAB/DF. A ideia é falar sobre empatia, comunicação não-violenta e cyberbullying para os alunos de 6º ao 9º ano de uma escola de Samambaia/DF. A primeira palestra deve ocorrer em maio.
“Fazer com que adolescentes escutem atenciosamente que o direito deles termina quando começa o do outro, e que seus comportamentos e formas de expressão podem machucar o outro, é sempre um desafio. Mas, eu sei que os jovens se sentem mais confortáveis quando entendem que nós queremos a participação deles na construção de soluções, e eles também ficam mais abertos quando são chamados a serem protagonistas na construção de projetos pedagógicos eficazes em suas vidas”, destacou.
Para Marcela, o projeto tem tudo para dar bons resultados. “As expectativas com o projeto são as mais entusiastas e queremos poder fazer parceria com as outras subseções também, para que possamos levar essa palestra para o maior número de escolas no Distrito Federal. Falar de Direito e cidadania para crianças e adolescentes é o ponto que faz a diferença e pode evitar a maioria dos casos de violência nas escolas”, concluiu.
Tipos de violência
“Quando falamos de violência, precisamos pontuar cada tipo, pois a violência extrema, que são os ataques, é o ponto máximo da agressão. Mas, é preciso entender a violência além: a do preconceito com os grupos de minoria, como por exemplo, com as pessoas pretas, a comunidade LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. O preconceito faz com que crianças e adolescentes ajam com indiferença ou agressividade, seja com palavras ou física também. Então, precisamos compreender aonde nascem os conflitos e falar mais sobre o diferente, sobre formas de expressão e comunicação. A violência física ou emocional, muitas vezes através do bullying, gera a evasão escolar, comprometendo o futuro dessas crianças e adolescentes”, ressalta a presidente da Comissão de Direito Sistêmico.
Marcela Furst completa o raciocínio pontuando que “garantir a segurança no ambiente escolar não se trata apenas de debater a colocação de detectores de metal nas portas das escolas, mas promover práticas pedagógicas que incluam o debate sobre a diversidade”.
A vice-presidente da Comissão, Rachel Bernardes, enfatiza que, especialmente depois da pandemia, os números da violência cresceram assustadoramente e exigem uma posição firme e coordenada de todos os agentes envolvidos: escola, autoridades/agentes públicos, famílias, adolescentes e profissionais de saúde.
“Nota-se que crianças e adolescentes saíram da pandemia mais impacientes e nervosos, com altos índices de transtornos de ansiedade, dentre outros, e sem ferramentas emocionais para lidar com a solução dos conflitos cotidianos. É um pedido de socorro e um alerta para todos nós adultos. Caberá a todos nós, adultos, um olhar sensível e sistêmico para este problema tão grave que vem atingindo todo o ambiente escolar, seja escola pública, seja escola privada. É preciso uma ação conjunta de todos para que se busque uma solução que pacifique e melhore o ambiente escolar e, assim, permita um aprendizado efetivo não apenas pedagógico, mas, sobretudo, um amadurecimento como seres humanos e futuros adultos.”
Como forma de cumprir com o papel social, Marcela Furst resume que a Comissão de Direito Sistêmico atua trazendo reflexões sobre as relações pessoais e os conflitos. “Levamos a reflexão para que todos possam construir juntos um comportamento voltado para a empatia e a compaixão. Os reflexos da violência estão, também, no judiciário e é importante que os advogados e advogadas atuem no sentido de serem semeadores de justiça e paz, não incitando os litígios e desenvolvendo práticas mais cooperativas e colaborativas entre os colegas e na atuação processual. Quando se entende por trás do litígio o que está ‘escondido’, as pessoas conseguem lidar com os conflitos de maneira mais objetiva, e no intuito de solucionar o problema, acaba por solucionar o litígio também.”
Comunicação OAB/DF – Jornalismo