Especialistas alertam sobre os riscos da não vacinação

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância das vacinas e do perigo das doenças, caso a vacinação não esteja em dia, a Comissão de Direito à Saúde da OAB/DF realizou, nesta segunda-feira (22/7) o seminário “Vacinação: Aspectos Técnicos e Jurídicos”.

Com o apoio do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Ministério da Saúde, o encontro contou com a participação da coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, e do médico pediatra e advogado Kenicássio Jesus Batista.

Convidada pela presidente da Comissão, Alexandra Moreschi, Dulcireuda Alves Monteiro, se emocionou ao relembrar sobre sua experiência na infância quando teve poliomielite: “Essa doença é tão cruel que me paralisou quase completamente. Eu não movia quase nada do corpo, apenas a cabeça. Minha mãe me prendia na cama para que eu não me curvasse e a doença não piorasse ainda mais. Até os 8 anos, eu não andava, apenas se estivesse usando aquela veste de metal. A vacina é o único meio de cura, não há outro. Minha mãe se esforçou muito procurando recursos para me ajudar, mas a vacina foi tardia”, contou emocionada.


Vítima de poliomelite, Dulcireuda tomou a
vacina tardiamente. Por causa da doença,
perdeu os movimentos do corpo

Hoje, aos 57 anos, Dulcireuda ainda sofre com a discriminação contra os que já sofreram ou ainda sofrem com a doença e faz um apelo “Não deixem nunca de se vacinar, é mais importante do que vocês imaginam. O medo do risco das doenças deve ser maior do que a desconfiança com relação as vacinas.”

Para manter a vacinação em dia, Carla Domingues alerta para que a população esteja atenta ao calendário de sua faixa etária. “Muitas doenças deixaram de existir graças ao sucesso do programa público que leva a vacina para o povo. Antes tínhamos milhares de casos de doenças que, sem vacina, poderiam trazer sequelas irreversíveis.”


A coordenadora do programa de imunizações
do Ministério da Saúde alerta para o retorno
de doenças como a paralisia infantil

Com a criação do programa de vacinação do Ministério da Saúde, as vacinas protegem hoje contra 28 doenças. “Hoje, com o programa de vacinação universal, garantindo a vacina para todos, fazemos com que todos os estados e municípios trabalhem juntos. A população não terá mais desigualdade. Dessa forma, eliminamos a poliomielite e também os 100 mil casos de sarampo que aconteciam por ano. De cada 100 crianças, 60 deixaram de adoecer graças as vacinas”, completou Carla.

Fake News
Carla Domingues alerta que, apesar do sucesso do programa de vacinação, os casos de óbito e paralisia infantil estão voltando a acontecer, assim como a volta da meningite, do tétano acidental e da difteria. Acreditar nos boatos e deixar de vacinar principalmente o público infantil pode contribuir, ainda, com o aumento da coqueluche. “Os movimentos antivacina são considerados, hoje, uma das 10 maiores ameaças a saúde mundial”, diz


O pediatra e advogado Kenicássio Batista
acredita que
notícias falsas levaram a
população a perder
a confiança nas vacinas

Para o médico pediatra e advogado Kenicássio Batista, o Ministério da Saúde tem como alguns de seus maiores desafios mostrar para a população os benefícios das vacinas, o sucesso das ações de imunização e o perigo das doenças caso a vacinação não esteja em dia. “A perda da confiança nas vacinas e nos programas de imunização graças a disseminação de informações equivocadas aumenta a preocupação do público com relação à segurança e à eficácia das vacinas, o que está provocando uma má interpretação acerca da seriedade da indústria produtora dos imunobiológicos”, comentou.

O movimento Vacina Brasil, que tem como objetivo explicar para a população os riscos da não-vacinação, é uma iniciativa do Ministério da Saúde, que busca, por meio de eventos mensais, chamar a atenção para a adesão ao programa. “Falar sobre o tema aqui na OAB/DF é trabalhar para aumentar a força da nossa comunicação, fazendo com que a informação chegue de forma menos técnica até a população”, explica Carla Domingues.

 

Comunicação OAB/DF
Texto: Carol Castro (estagiária sob supervisão de Ana Lúcia Moura)
Fotos: Valter Zica