Igualdade racial e de gênero: OAB/DF celebra com debate o Dia Internacional da Mulher Latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora - OAB DF

“Ser inclusivo, ser plural, ser independente,
ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Igualdade racial e de gênero: OAB/DF celebra com debate o Dia Internacional da Mulher Latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora (25 de julho), a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) promoverá o debate “O Protagonismo da Mulher Advogada Negra e as Novas Perspectivas na Advocacia”, que será transmitido, no dia 26 (segunda-feira), pelo canal oficial da OAB/DF, no YouTube, a partir das 19h. O evento é uma iniciativa da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF. Acesse aqui para ter mais detalhes da programação.

Falando do simbolismo dessa celebração, Cristiane Damasceno acentuou: “somos uma gestão que entende a importância de ressignificar os espaços de poder. Sou a primeira copresidente negra da nossa Seccional. Isso significa muito para nós, mulheres negras. Estamos em espaços decisórios para que as pautas relevantes ganhem a visibilidade necessária.”

A diretora de Igualdade Racial e Social da OAB/DF, Josefina Serra dos Santos, destaca o legado que essa ação da OAB/DF deixará: “Não adianta dizer que é antirracista e não vir para a luta junto com a gente. A população precisa se unir! Queremos alcançar outras classes. É preciso que entendam que a luta não é só nossa. Essa discussão é muito importante para enfatizar que lugar de luta é na casa do Direito, entendo que é na OAB. Esperança Garcia foi a primeira mulher advogada negra e, desde então, esse legado tem sido fortalecido, mas ainda há muito a se fazer e a união de todas as raças e classes é o caminho.”

A advogada Fernanda Tercetti, secretária-geral da Comissão de Igualdade Racial e uma das organizadoras do evento explica a importância histórica desse 25 de julho: “O Dia Internacional da Mulher Afro-Latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1992, após o primeiro Encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. Esse encontro contou com a presença de mulheres de 32 países, reunidas com o objetivo de pensar e discutir formas de combater as desigualdades e as discriminações raciais e sexistas de gênero sofridas pelas negras, latinas e caribenhas.”

Segundo Tercetti, inspirado nessa data, no Brasil, o dia 25 de julho, também, é comemorado como o Dia Nacional da Mulher Negra e o Dia Nacional de Tereza de Benguela (Lei nº 12.987/2014). “Tereza de Benguela ficou conhecida em seu tempo como ‘Rainha Tereza’, por ter liderado o Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados”, conta.

“Sabe-se que a comunidade negra e indígena do Quilombo de Quariterê contava com mais de 100 pessoas. O Quilombo resistiu desde 1730 até o final daquele século. A Rainha Teresa comandava as estruturas políticas, econômicas e administrativas, contando com um sistema de defesa e com uma espécie de Parlamento que discutia e definia regras de convivência, estratégias de luta, resistência e sobrevivência do quilombo e que, também, contava com tendas de ferreiro e com uma agricultura desenvolvida. Eles confeccionavam os seus próprios tecidos e comercializavam os excedentes da produção. Teresa de Benguela é o símbolo histórico da luta e da liderança da mulher negra no Brasil”, observa a advogada.

Por tudo isso, o dia 25 de julho, não é apenas uma data comemorativa, mas é mais uma oportunidade de repensar sobre o tratamento dado às mulheres negras no Brasil, sobre o relevante e incansável papel que desempenham na formação econômica, histórica e cultural do país.

“É uma relevância essa que o racismo e o machismo estruturais insistem em apagar da história, fazendo com que a importância da mulher negra seja ocultada no cotidiano. É um dia, portanto, para refletir sobre o olhar e sobre o tratamento dado às mulheres negras ao longo da história do país. O evento é um verdadeiro convite ao fortalecimento da luta pela igualdade racial e de gênero”, finaliza Tercetti.

Neste sentido, o presidente da Comissão de Igualdade Racial, Beethoven Nascimento de Andrade, pontua a relevância desse memorial. “Dentre todas as datas que celebramos ou rememoramos as conquistas e lutas de nossas ancestrais, ou mesmo, datas que usamos para reforçar a luta contra o racismo, a discriminação racial, étnica e de gênero, vejo o dia 25 de julho como o mais importante e emblemático, sobretudo em razão do protagonismo feminino e feminista dessas mulheres negras, latino-americanas e caribenhas, especialmente por ser um momento de encontro e reconhecimento das dores e dificuldades enfrentadas por elas. É nesse momento de celebração que se enxergam, reconhecem suas dores e alegrias, se acolhem e, nessa convergência de diferentes sentimentos e iguais sofrimentos, formam uma grande rede de acolhimento para enfrentamento conjunto de todas as dificuldades impostas por uma sociedade machista e racista que foi estruturalmente moldada para apagar o protagonismo dessas mulheres, fazendo aflorar em cada uma delas a força da Rainha Tereza (de Benguela)”, finaliza.

Comunicação OAB/DF