Seminário promove união entre comissões de mulheres da OAB - OAB DF

“Ser inclusivo, ser plural, ser independente,
ser uma referência no exercício da cidadania.”

DÉLIO LINS

Seminário promove união entre comissões de mulheres da OAB

O I Seminário da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF reuniu nesta quarta-feira (15) algumas das maiores especialistas na questão, além de presidentes de comissões femininas da OAB de vários estados, que destacaram a importância do encontro, por fortalecer a união entre elas. As discussões giraram não apenas em torno da situação da mulher advogada, mas das mulheres brasileiras como um todo. A presidente da OAB/DF, Estefânia Viveiros, acompanhou as palestras durante todo o dia, e o encontro também teve a presença do diretor-tesoureiro Severino Cajazeiras. A ex-Ministra de Políticas para as Mulheres e atual consultora da Unesco, Emília Fernandes, chamou a atenção para a existência de mecanismos de discriminação contra a mulher na economia, no mercado de trabalho e nos espaços de poder. “O grande desafio dos tempos atuais é o empoderamento da mulher, tanto no plano formal, como no cultural. Empoderar-se significa as pessoas adquirirem o controle de suas vidas, a habilidade de fazer as coisas e de definirem suas próprias agendas”. A Sub-Procuradora Geral da República Ela Wieck Wolkmer de Castilho destacou o fato de que na sociedade ocidental há uma desvalorização histórica das tarefas executadas por mulheres, o que está espelhado no mercado de trabalho e nos postos de comando. “Na administração pública federal, por exemplo, onde o número de mulheres alcança 45,4% do total, 47% ocupam cargos de DAS 1, e apenas 17,5% têm DAS 6. Na verdade, discriminação não se resolve com mudanças na lei, mas podemos usá-la a nosso favor e para isso é preciso um esforço para diminuir seu conservadorismo”, afirmou. O conselheiro da OAB/DF Roberto Gomes Peres, um grande aliado da Comissão da Mulher Advogada,

acredita

que as mulheres brasileiras alcançaram o direito à igualdade no seio da sociedade, depois de muitas lutas. “Hoje elas podem votar e ser votadas, participar ativamente da política. Um dia ainda veremos uma mulher na Presidência da República”, afirmou, arrancando aplausos. A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF, Sabá Cordeiro Macedo, terminou o encontro fazendo um apelo para que todas se unam cada vez mais. “Ficamos contentes com a presença das presidentes das comissões de mulheres da OAB de vários estados, e com o grande interesse das palestrantes em nos transmitir informações sobre os nossos direitos, ainda pouco reconhecidos”, disse a Conselheira.

A seguir, algumas opiniões sobre o seminário:

“O seminário foi importantíssimo, principalmente neste momento que o país está vivendo. Chegou a hora de repensarmos as políticas públicas para as mulheres, para dar-lhes um pouco mais espaço na vida pública e na vida nacional, para que possam colaborar com a construção deste país nos postos de poder. Cada uma na sua área de atuação são agentes de mudança social, mas falando sobre as mulheres no Ministério Público diria que

estão empenhadas em várias frentes, como a defesa do consumidor, da cidadania, do patrimônio cultural, do meio ambiente, do patrimônio público, nas ações de improbidade e penais. As mulheres são mais aguerridas, e as do Ministério Público, se eu tivesse de usar um símbolo diria que são como Joana D´Arc, guerreiras que lutam por um Brasil melhor”. Helenita Amélia Caiado Hacioli – Sub-Procuradora Geral da República

“A OAB/DF vive um momento super importante para a mulher, pois pela primeira vez tem uma delas na presidência. Uma bela mulher, com todos os atributos femininos, inteligente, capacitada, competente, e a Comissão da Mulher Advogada está exercendo seu papel plenamente, chamando a atenção da comunidade jurídica, e em especial das mulheres advogadas, para a situação peculiar que ainda vivem. Neste

país

ainda é preciso muitos aprimoramentos para que a mulher ocupe um papel igual aos demais cidadãos. A OAB/DF está de parabéns”. Anadyr Mendonça – Secretária de Estado e Corregedora Geral do DF

“Este encontro teve importância fundamental. Sempre digo que o nosso lema é ‘nenhuma de nós é melhor do que todas nós juntas’, e acho que hoje estamos fortalecendo nossa união, pois sabemos que ainda enfrentamos a discriminação”. Marlene Alves de Almeida Silva – Presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/MG

“Além da integração, um encontro como este promove a troca de idéias a nível nacional, para que tenhamos uma só voz, por exemplo, contra as diferenças salariais, a falta de acesso aos cargos públicos, os preconceitos raciais, etc”. Elisa Kell Fraga – Comissão da Mulher Advogada da OAB/Curitiba, representando a presidente Sandra Lia Bazo

“Este encontro é importante

porque às vezes pensamos que a discriminação está terminando, seja por conta do maior acesso da mulher à universidade, ou a algumas carreiras jurídicas, mas ao observar os dados constatamos que há discriminação, principalmente em algumas carreiras, como no caso do Ministério Público Federal, e também nas posições de mando, de maneira geral. Mesmo agora, no Ministério Público Federal, estamos com 50% de mulheres no Conselho, e aparentemente a situação é boa, mas não espelha a real situação, pois antes éramos no total

mais de 30% de mulheres, e hoje somos apenas 28%. Como procuradora federal dos direitos do cidadão estou começando uma discussão sobre a desigualdade de gênero na instituição e no sistema judicial”. Ela Wieck Wolkmer de Castilho – Sub-Procuradora Geral da República

“Esta reunião é de suma importância pelo encontro de todas as presidentes, para que possamos tirar uma ação conjunta. O primeiro ponto é a reeducação da mulher brasileira, para que ela saiba de seu valor, saiba que deve se unir às outras mulheres, acabar com a rivalidade feminina e somar com as profissionais de outras áreas. Unidas poderemos resgatar as mulheres que não militam nas carreiras de projeção, e assim mudaremos a forma de educar nossas filhas, de maneira não machista. A mulher deve fazer um dueto, não um duelo com os homens, porque isso instiga a desigualdade social. Em São Paulo estamos trabalhando para que a mulher advogada saiba que há muitas áreas de atuação dentro do seu mercado de trabalho. Ela também

começa a discutir grandes temas da atualidade, como o combate à violência e a pedofilia, a eutanásia, etc, voltando-se não apenas para as questões da mulher, mas também para os movimentos sociais”. Maria Elisa Munhol – Presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/SP

“Este encontro é importante pela presença de mulheres de grande expressividade, que puderam dar uma contribuição em seus setores de atuação. No Rio Grande do Norte enfrentamos os mesmos problemas que as demais advogadas, no que diz respeito, por exemplo, a salários, falta de credibilidade em relação a nossa competência e capacidade de gerenciamento”. Ana Teresa Costa de Albuquerque – Presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/RN

“Um seminário como este é uma experiência de cultura, de riqueza e de reencontro. Isso nos torna mais unidas. O trabalho da mulher é no poder e na política, pois é muito difícil para nós galgarmos posições de alto nível. Sou filha de advogada, e naquele tempo minha mãe já ia contra o pai e o marido para cursar a faculdade de Direito. Como mulheres lutadoras, desbravadoras, saímos daqui com o objetivo de nos unirmos cada vez mais, para que possamos conscientizar as outras mulheres”. Graça Maria Baza Garrido Paes – Presidente do Fórum de Mulheres do Mercosul (PE), da Associação Brasileira de Mulheres (PE) e diretora da Comissão da Mulher Advogada – OAB/PE

“Sabemos que o nosso trabalho é importante, principalmente para o resgate da cidadania das populações carentes, mas queremos um objetivo maior para a mulher advogada, até mesmo no que concerne aos nossos honorários. Estamos dia-a-dia numa luta, procurando melhorar as condições de vida das mulheres das periferias, para despertar a sua cidadania. Em cada comunidade, em cada lugar deste país é preciso que cada um faça seu trabalho, dirigido à família brasileira, sobre o que vem a ser a dignidade. Isso não deixa de ser um resgate da mulher, para que seus filhos

cresçam com uma cultura diferente da nossa. Nós vimos aqui hoje que fizemos conquistas, mas precisamos conquistar muito mais. Vamos sair daqui mais unidas, mais fortalecidas, esperando que estes encontros se estreitem

para que consigamos atingir nossos ideais”. Marlene Barros Couto – Presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/AL