“Meu filho precisa de tratamento. Se não for para uma clínica, ele vai morrer”, diz Maria Francisca, que se dedica apenas a alimentá-lo, banhá-lo e colocá-lo para dormir. “Não posso fazer nada que não seja vigiá-lo, ele foi completamente dominado pelo vício”, relata. …
121 famílias procuraram a Defensoria Pública do DF em fevereiro para pedir a internação forçada de seus filhos.
Na rede pública do DF, não há clínicas para a internação de dependentes químicos. Nos casos em que a Justiça determina a internação compulsória, os doentes são levados para clínicas particulares fora da cidade. O poder público também não mantém convênios com instituições de tratamento e, a cada caso de internação determinada pela Justiça, é preciso tocar um processo de licitação para que o serviço médico seja contratado. “A Secretaria de Saúde é omissa ao não estabelecer convênios com clínicas de tratamento para dependentes. Submete os doentes e as famílias a uma espera indefinida e dilacerante”, acusa Ramiro Sant`Ana, coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do DF.
Política pública
A OAB-DF pretende apresentar uma proposta para internação compulsória nos moldes da que é feita no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Nestes estados, há cooperação entre a Justiça e os órgãos de saúde para que pessoas que estão fora do controle de suas vontades por causa do vício tenham a internação facilitada. “Aqui, os dependentes terminam se tornando criminosos para manter o vício e aí então receberão tratamento diferenciado”, afirmou o presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha, em entrevista à Band-news. “Depois de presos, é na Papuda que eles vão fazer tratamento”, completou.
O presidente da OAB considera a internação compulsória como uma ação de proteção ao dependente químico e à sua família. “Isso é uma defesa para a sociedade, é para estes jovens que hoje estão abandonados na rua”, afirma Rocha.
O presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure, promete organizar um seminário ainda neste mês para discutir o assunto. “A internação compulsória é a última alternativa, mas temos que cogitá-la antes que a situação do crack em nossas ruas se transforme num caos”, afirma Wasny.
Por Érica Montenegro
Fonte: Jornal Metro Brasília – 05/03/2013