Vozes Autorais: III do Podcast da OAB/DF aborda o impacto da inteligência artificial na dublagem brasileira

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal (OAB/DF), por meio da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento, lançou o terceiro episódio do podcast “Vozes Autorais”. Este episódio especial, em comemoração ao Mês do Orgulho, foi ao ar nesta segunda-feira (17/06). O objetivo é promover a visibilidade de trabalhos originais, especialmente aqueles ameaçados pelo crescente uso da inteligência artificial, uma área que ainda não possui regulamentação no Brasil.

O bate-papo contou com a presença dos atores e dubladores Wagner Follare, Isabela Simi e Alexia Vitória. A mediação do debate ficou a cargo de Lucas Sérvio, presidente da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento da OAB/DF.

Lucas Sérvio, pontuou a importância do debate. “É gratificante poder demonstrar para além da comunidade de direitos autorais, que existe a representatividade em vários campos de atuação. Neste mês do orgulho o podcast quer incentivar a todos a ocuparem espaços de atuação em qualquer lugar que a pessoa deseje.”

Na ocasião, Wagner Follare abordou a relação entre a tecnologia e a dublagem. “Temos muitos exemplos de tecnologia que aprimoraram a dublagem. Por exemplo, o uso do programa Pro Tools, que digitaliza e ajusta as gravações, ajudando a evitar problemas de sincronização. Isso mostra que a tecnologia pode ser uma aliada, desde que não substitua a interpretação humana. A introdução da tecnologia deve ser para aprimorar e não para fingir uma criação que, na verdade, não existe, substituindo precipitada e questionavelmente o trabalho das pessoas.”

Por sua vez, Isabela Simi abordou os desafios que a inteligência artificial está impondo à categoria. “Ao longo dos anos, com o avanço da tecnologia, vimos diversos postos de trabalho sendo perdidos porque a tecnologia vai tomando o lugar das pessoas. Agora, estamos vendo isso acontecer na área artística, e para mim, isso não faz o menor sentido. A dublagem não se resume apenas aos dubladores; é uma cadeia de trabalhadores. Há tradutores, mixadores, editores e muitas outras pessoas envolvidas no processo, desde o início até o fim. Até mesmo as pessoas que trabalham nos estúdios fazem parte dessa cadeia. O uso de inteligência artificial ameaça todos esses profissionais, e eu acredito que isso é algo que precisamos evitar.”

A dubladora Alexia Vitória falou sobre sua experiência ao dublar personagens trans e a importância da representatividade na indústria de dublagem. Ela destaca a evolução de sua carreira ao interpretar diferentes papeis ao longo dos anos. “Quem eu gostei mais de dublar recentemente foi a Sasha Colby, de RuPaul's Drag Race, na temporada passada. Porque ela é uma personagem da vida real. Durante o processo e depois, assistindo também, pude conhecer o background dela. Pelo que acompanhei e pesquisei, vi que ela é uma pessoa incrível.”

“A Sasha é uma pessoa de gênero fluido e se apresenta transitando entre os dois gêneros na vida real. Na produção, era um rapaz que trabalhava como professor e, nos finais de semana, como drag queen. Na parte como drag queen, eu me sentia super confortável”, endossou.

Assista ao Podcast na íntegra.

Jornalismo OAB/DF