Podcast “Vozes Autorais” da OAB/DF aborda a dublagem brasileira e uso de inteligência artificial - OAB DF

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DÉLIO LINS

Podcast “Vozes Autorais” da OAB/DF aborda a dublagem brasileira e uso de inteligência artificial

A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), por meio da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento, Comissão de Direito do Consumidor e Comissão de Relações Internacionais, produziu o primeiro episódio do Podcast “Vozes Autorais”. O encontro ocorreu na terça-feira (10/04) e faz parte de uma série que busca dar visibilidade aos trabalhos autorais de diversas origens, especialmente aqueles que estão sendo ameaçados pelo uso de inteligência artificial, uma área ainda não regulamentada no Brasil.

O Podcast contou com a presença de convidados especializados no assunto, como Marisa Barbosa Leal, dubladora de Ariel e Kitty Pryde em X-Men: Evolution; Guilherme Briggs dublador de personagens como Superman e Rei Julien e a dubladora da personagem Dora-Akali, Adriana Torres discutiram sobre a importância da criatividade e os desafios enfrentados devido ao uso da inteligência artificial. 

O debate foi mediado pelo presidente da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento da OAB/DF, Lucas Sérvio e pela presidente da Comissão de Relações Internacionais, Clarita Maia. 

Lucas Sérvio abriu o evento falando da importância do Podcast. “O papel da comissão e da Ordem na questão dos direitos autorais tem sido fundamental para apoiar o respeito e o cuidado em diversas categorias, principalmente aquelas ameaçadas pelo uso desregular de I.A. Reafirmamos com esse evento o compromisso com essa causa.”

Em sequência, Clarita Maia observou o uso da Inteligência Artificial na indústria do entretenimento. “No Oscar deste ano, aludiu-se à greve de roteiristas norte-americanos, uma das greves trabalhistas mais longas da história de Hollywood. A Writers Guild of America (WGA) aprovou um acordo feito com a Alliance of Motion Picture and Television Producers. Os escritores de Hollywood obtiveram uma grande vitória: o novo contrato apresenta fortes barreiras sobre como a tecnologia pode ser usada em projetos de cinema e televisão. O contrato dos redatores não proíbe o uso de ferramentas de IA no processo de escrita, mas estabelece barreiras para garantir que a nova tecnologia permaneça sob o controle dos trabalhadores, em vez de ser usada pelos seus chefes para substituí-los.”

Debate

A dubladora Adriana Torres enfatizou a importância da profissão diante do avanço da inteligência artificial. “Quando falamos em ceder nossas vozes para esses bancos de dados, percebemos o valor dos dados no século XXI. As Big Techs controlam esses dados e a competição entre elas é intensa, embora na realidade sejam poucas empresas dominantes no mercado há décadas. Elas ditam as regras do jogo e até mesmo regulamentam a si mesmas, dada a influência e domínio que possuem no mercado de Inteligência Artificial.”

Já Guilherme Briggs refletiu sobre a perseverança na dublagem.“Você tem que ter muita paciência se você realmente gosta da profissão, gosta de ser ator, porque você vai precisar de perseverança. O que eu quero dizer é que hoje em dia as pessoas querem tudo mais simplificado, querem tudo imediatamente. Ou então as pessoas querem ser famosas.  Você tem que amar o cinema, o teatro. Você tem que gostar da matéria, do material humano, do espírito humano, da criatividade. Isso que importa, não é apenas ser famoso. É o que eu sempre falo, você tem que escolher. Ou você é um bom dublador, ou você faz enrolação.”

Por outro lado, Marisa Leal sobre a arte e a ciência, destacando a capacidade da arte de nos fazer sentir e nos conectar emocionalmente. “A ciência é um padrão universal para todos os planetas em todo o universo. A ciência é universal, mas não, a arte. Há uma coisa que tem um significado especial no mundo, que é a capacidade de sentir. Para entendermos, temos que sentir. Estamos naquela cena, está chovendo, está chovendo, está chovendo. E quando rimos, quando choramos, estamos naquela cena. Estamos felizes nessa cena. Não choramos só porque nos molhamos na chuva, não. Nós choramos porque nos emocionamos. Porque vamos procurar, às vezes, experiências passadas, que nos tocaram profundamente. E às vezes nos identificamos com aquele momento, aquela cena.”

Assista ao Podcast completo

Jornalismo OAB/DF