
A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) realizou, nesta segunda-feira (28/4), o evento “Mães Atípicas – Quem cuida de quem cuida?”. A iniciativa foi organizada pelas Comissões de Direito das Famílias e de Defesa da Pessoa com Autismo da OAB/DF, e teve como objetivo dar visibilidade à realidade enfrentada por mães de crianças neuroatípicas.
O presidente da OAB/DF, Paulo Maurício Siqueira (Poli), esteve presente e ressaltou o papel da instituição na escuta ativa de realidades urgentes. “Dar visibilidade às mães atípicas é mais do que um gesto de acolhimento, é um posicionamento ético e institucional da OAB/DF. Essas mulheres, que sustentam rotinas exaustivas e batalhas silenciosas, precisam ser vistas, ouvidas e amparadas. Nosso compromisso é transformar essa escuta em ação: seja por meio das comissões, da articulação por políticas públicas ou do fortalecimento das redes de apoio. Quem cuida também precisa ser cuidado, e a Ordem está atenta às demandas que a sociedade apresenta.”

A mesa foi mediada por Marcela Furst, presidente da Comissão de Direito das Famílias da OAB/DF, e pela advogada Géssica Guedes, integrante da Comissão de Defesa da Pessoa com Autismo da OAB/DF, que representou a presidente da Comissão, Flávia Amaral. O encontro contou ainda com a participação da psicóloga Roberta Castelo Branco e de Nathália Mariath, mãe de criança com autismo e idealizadora do projeto @roteiro_atipico.
Durante o debate, foram abordadas questões como o cansaço, a luta silenciosa dessas mulheres, estratégias de autocuidado e a necessidade de redes de apoio. “Essas mães enfrentam desafios diários que vão muito além da rotina. Lutam por direitos, por diagnósticos precoces, por inclusão escolar e social. Tudo isso enquanto, muitas vezes, negligenciam a própria saúde mental e emocional”, afirmou Marcela Furst. “Ao abrir espaço para esse debate dentro da OAB/DF, reconhecemos que o Direito das Famílias precisa acolher essa pauta, que é urgente e real, com impacto social direto. Precisamos promover redes de apoio mais humanas e efetivas, dentro e fora do sistema de justiça”, completou.

Para Flávia Amaral, o evento também foi um espaço para discutir possíveis caminhos legislativos e institucionais. “O objetivo é buscar a construção de leis e políticas públicas para mães atípicas. Muitas dessas mulheres estão adoecidas e sobrecarregadas, já que 70% delas são abandonadas pelos parceiros após o diagnóstico dos filhos”, destacou. Ela lembrou ainda que projetos como o Cuidar de Quem Cuida são fundamentais para oferecer suporte físico, emocional e psicológico às cuidadoras. “Quem cuida também precisa ser cuidado, pois essa função pode gerar estresse, esgotamento emocional e até adoecimento físico.”
A expectativa, segundo as organizadoras, é de que a iniciativa inspire novos projetos e políticas que garantam qualidade de vida às mães atípicas e fortaleçam sua rede de apoio.
Jornalismo OAB/DF