Felipe Santa Cruz dá as boas vindas a 87 novos inscritos da OAB/DF

Oitenta e sete bacharéis receberam da OAB/DF nesta terça-feira (19/11) a carteira de advogados e advogadas em uma cerimônia especial. Os novatos foram recepcionados pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, que foi o paraninfo da solenidade.

“Toda cerimônia de compromisso, é uma renovação, é uma cerimônia de passagem de tocha, uma corrida de revezamento”, saudou Santa Cruz, da tribuna do auditório mais antigo da Seccional. “Nós temos plena convicção da importância desta cerimônia, porque ela não nos sai do coração. Eu sempre vou me lembrar que eu trouxe meus familiares para receber minha carteira lá no distante ano de 1997”, recordou.

Santa Cruz destacou em seu discurso a importância o Exame de Ordem, as qualidades dos bons advogados e advogadas e o papel da OAB. “A partir de hoje temos um pacto: não vamos lembrar das ofensas que trocamos em virtude do Exame de Ordem. Ele é a chancela que faz com que vocês saiam daqui com selo de qualidade”, disse, ressaltando, em seguida, que conhece as dificuldades. “Sei que foram noites mal dormidas, reprovações, mas não há nada mais típico na advocacia do que perder e começar de novo. É árida nossa profissão, mas é feita também de momentos como este: de reconhecimento ao talento e à trajetória de cada um”, completou.

O titular da Ordem alertou que o mercado está em crise, mas, ao mesmo tempo, cresce 20% ao ano e hoje mobiliza R$ 50 bilhões, a ponto de ser objeto de cobiça de escritórios internacionais que se mobilizam para ocupar este mercado brasileiro. “Ocupem vocês”, convocou. “Esta ainda é a terra das oportunidades para aqueles que querem transformá-la”.

Para Santa Cruz, “chegar à advocacia num momento de crise é também chegar num momento de grandes oportunidades de transformação”. “Os senhores saem daqui e há uma família em crise econômica precisando de um bom advogado; há um empresário e há um trabalhador buscando direitos; há milhares de presos no caótico sistema penitenciário brasileiro pedindo que alguém acredite na sua liberdade, não na sua plena inocência, mas na sua humanidade e no seu direito à defesa, ainda que culpado. Em cada rua e em cada esquina há um cliente potencial”, afirmou.

Santa Cruz pediu aos novatos que atendam estes clientes com paixão. “A única coisa que vejo triste é quando encontro advogado sem paixão, que não entendeu o que acaba de jurar; que não entendeu que tem de defender os direitos humanos, os direitos sociais; que não compreendeu a força da Constituição; que a advocacia é a profissão do “alto lá, onde estão as provas?”; que não compreendeu que advogado é sim quem cobra do Judiciário celeridade, imparcialidade, proporcionalidade da pena, garantia do direito de quem não tem; que cobra que o Judiciário siga a lei. Para isso tem de se ter paixão”, destacou. Confira o discurso completo.

 

A oradora da turma, Daniela Vitorino, falou de sonhos, obstáculos e superação ao representar os colegas. “Este momento é a concretização de algo sonhado durante muito tempo, mas a caminhada de todos até aqui não é nada fácil. Foram muitas abdicações e dificuldades enfrentadas, mas se sonharmos, acreditarmos e lutarmos é possível realizar tudo aquilo que quisermos. Hoje somos a prova disso”, disse.

Daniela Vitorino apontou a advocacia como uma das carreiras mais nobres da sociedade. “O advogado presta serviço público e exerce função social, sendo a sua atuação imprescindível aos interesses da coletividade”, pontuou. E frisou: “os fatos antes apenas acadêmicos serão reais partir de agora, envolverão a história das pessoas, suas necessidades, perspectivas, sonhos e esperanças, tudo à espera de uma boa atuação profissional, razão pela qual devemos encarar a missão com muita seriedade, responsabilidade e compromisso, sempre nos colocando no lugar do outro e fazendo tudo o que gostaríamos que fizessem por nós”, afirmou.

A nova advogada defendeu que a ética, o respeito, a humildade e a gentileza devem sempre prevalecer em qualquer circunstância. “O amor, a coragem, a fé e o trabalho árduo nos trouxeram até aqui, cabendo a nós daqui por diante dar continuidade e prosseguir em direção a realização dos nossos objetivos, sempre com autocontrole e preparo”.

O presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva, que conduziu o juramento junto com outros 20 representantes da Seccional presentes à mesa, entre membros da diretoria, de comissões temáticas e subseções, além de conselheiros federais, ressaltou que, apesar das dificuldades apontadas pelo presidente Santa Cruz e por Daniela Vitorino, sempre haverá espaço para o bom profissional. “A advocacia passa por grandes mudanças, mas quem estuda, quem está disposto a enfrentar os desafios e tem a ética como valor primordial, não ficará de fora deste mercado”, afirmou ele, que agradeceu o presidente da Ordem por aceitar o convite da OAB/DF para recepcionar os novos advogados e advogadas.

A conselheira federal, Raquel Cândido, também deixou um recado aos novatos: “aproveitem o que Ordem oferece a vocês. Além de espaços e serviços de apoio aos advogados e advogadas, temos uma série de programas voltados para a jovem advocacia. Queremos que vocês alcancem os espaços que desejam com a melhor formação possível e trabalhamos diuturnamente para isso. Não deixem de usar este espaço, ele é de vocês”.

 

 

Técio Lins e Silva é empossado procurador nacional de Defesa das Prerrogativas da OAB

Nesta terça-feira (19/11), o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, deu posse ao advogado Técio Lins e Silva como titular da Procuradoria Nacional de Defesa das Prerrogativas. Lins e Silva é ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). 

A posse aconteceu no salão nobre da OAB e reuniu dezenas de advogados. Santa Cruz destacou a força do nome do empossado em meio ao momento de divisão política no país. “Enfrentamos um momento muito difícil. Certamente sou um dos mais preocupados, pois vejo com clareza erodirem bases construídas com muita dificuldade a partir de 1988. Há liberdades sendo solapadas, há o abandono do processo legal, há um falso moralismo que devasta liberdades e garantias, há uma persecução pelo banimento do adversário político. Me preocupa a advocacia que não gosta dos direitos, em especial o de defesa. Nesse ímpeto de criminalização da nossa atividade profissional, surge o nome do Técio”, apontou o presidente.

Para Santa Cruz, o prestígio histórico do qual goza a OAB se deve exatamente aos bravos nomes que sempre lutaram pelas prerrogativas da advocacia, pela defesa da cidadania e da democracia, marca que possibilita vitórias como a promulgação da Lei do Abuso de Autoridade. “A força da OAB é a coragem de dizer o que muitos não querem ouvir”, completou.  

Técio também lembrou os tempos dos regimes de exceção no Brasil. “São momentos dificílimos os que vivemos. Me recordo da ditadura, quando os poucos advogados que ainda se aventuravam em promover a defesa não tinham o aplauso da sociedade. Éramos malvistos por compreendermos que era possível lutar contra o autoritarismo. A Ordem está e permanecerá à frente da luta por direitos, porque é da advocacia o monopólio constitucional da defesa em juízo. Somos os primeiros a apanhar porque representamos a cidadania”, disse o procurador.

Após o juramento regimental e a assinatura do termo de compromisso, foi exibido o vídeo “Sem advocacia não há liberdade”, sobre a importância histórica da OAB, das prerrogativas profissionais e da advocacia na luta pelo direito de defesa de todos os cidadãos.

Presente na cerimônia, o presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Junior, comemorou a escolha de Técio para conduzir uma das áreas que considera mais essenciais na Ordem. “Defender prerrogativas da advocacia é defender aqueles que lutam diariamente para fazer valer os direitos de quem mais precisa: o cidadão. Técio é uma referência na defesa da democracia e vai engrandecer ainda mais a luta pelo direito das advogadas, dos advogados e da sociedade”, comentou.

 

Comunicação OAB/DF
Texto:
Comunicação do Conselho Federal da OAB

Fotos: Valter Zica/ Comunicação OAB-DF

ESA abriu programação de aniversário com lições sobre como se diferenciar no mercado competitivo

A um auditório ocupado especialmente por jovens advogados e advogadas, a caça talentos na área da advocacia Heloísa Toller e a especialista em carreiras Anamaíra Spaggiari deram a receita para se diferenciar num mercado cada vez mais exigente e atento mais às habilidades comportamentais que técnicas.

As palestras abriram a programação dos 30 anos da Escola Superior de Advocacia da Seccional, que vai até o final da semana e inclui mais de 50 palestras e cursos e uma homenagem a todos os ex-diretores da instituição.

Heloísa Toller, advogada que tem como missão identificar novos talentos em uma das maiores empresas de headhunter do país, a Laurence Simons Search, enumerou algumas das características essenciais para fazer diferença no mercado: criatividade, capacidade de inovação e de se relacionar em um ambiente diversificado, forte perfil comercial, visão de negócio, pensamento crítico, inteligência emocional e conhecimentos sobre assuntos diversos.

“É natural encontrarmos profissionais que se perguntam: fiz uma ótima faculdade, fiz inúmeros cursos e mesmo assim não se sinto diferenciado. E o que digo é: a técnica é essencial, portanto, estudem, e estudem muito, mas os recrutadores já dão a técnica como sabida, é algo que você já tem de trazer obrigatoriamente”, explicou a headhunter. “Para se diferenciar, é preciso ir além. É aí onde entram os chamados soft skills, que, nada mais são, que habilidades”, orientou.

Heloísa Toller destacou algumas habilidades que considera essenciais. “Ser criativo, trazer inovação, pensar diferente não está nos livros e isso é algo que faz diferença entre um profissional e outro”. Ela também apontou o papel do jurídico em uma empresa, citando como exemplo o setor automobilístico. “Advogado vende carro? Certamente vocês me dirão que não, porque o jurídico sempre se enxerga como o suporte da operação, mas não como influenciador do produto final. Mas eu faço contrato para numa empresa automobilística? Para vender carro. Eu defendo a empresa diante do Judiciário com que objetivo? Para reduzir passivo, aumentar o faturamento e fazer com que a empresa venda mais carro. É esta visão de negócio que muitos criticam o advogado de não ter. Você não gerencia o contencioso de uma empresa se não souber a técnica, mas é preciso ter visão de negócio para atingir o objetivo final de todos”, explicou.

Para a headhunter., é preciso saber influenciar. “E influência é inspiração. É fazer alguém do seu time a lutar pelo seu objetivo, porque você inspira, você passa confiança. E como se inspira? Abrindo espaço para a diversidade, conciliando pessoas, trazendo pessoas com ideias diferentes”, disse. “O resultado só será bom se unirmos nossas ideias. Eu tenho uma história, você tem outra e esta diferença é que vai dar resultado. Aquele profissional que fica numa sala reservada tende a não ter hoje o mesmo espaço que tinha antigamente. É importante entender de outras áreas. Por isso a visão generalista também é um diferencial”, disse.

Felicidade
Mineira de Muzambinho, a diretora-executiva da Fundação Estudar, Anamaíra Spaggiari, contou sua história pessoal e profissional à plateia com o objetivo de mostrar que o curso de formação não determina necessariamente a carreira. “Nosso curso não determina necessariamente a nossa carreira. As possibilidades de trabalho são diversas”, disse. Para ela, o que determina o potencial transformador de um trabalho é a felicidade atrelada à função desempenhada. “Isso exige autoconhecimento, propósito de vida e clareza sobre aquilo que você faz bem”, disse Anamaíra, que há quase dez anos trabalha na formação de jovens talentos.

A diretora-executiva considera fundamental também os profissionais iniciantes saibam identificar os setores de trabalho. “Temos o setor público, o setor privado e as organizações filantrópicas. É importante se perguntar: em qual deles me sinto melhor? Se você buscar os caminhos, vai encontrar espaços. Precisamos de agentes transformadores em todos os segmentos da sociedade, do governo ao terceiro setor”, afirmou ela, que destacou também a predileção cada vez maior das empresas por ambientes multidisciplinares. “A tendência de uma equipe multidisciplinar é encontrar soluções muito mais inovadoras. Então, saber se relacionar com profissionais de outras áreas virou fator importantíssimo”, comentou.

30 anos
Até sábado (23/11) serão realizadas mais de 50 palestras, oficinas e workshops gratuitos, como as de Heloísa Toller e Anamaíra Spaggiari. No dia 21 haverá uma sessão solene do Conselho Pleno em homenagem ao aniversário, na qual serão homenageados todos os ex-diretores da Escola. A programação comemora os 30 anos da Escola Superior de Advocacia coincidem com uma importante reformulação da instituição, que ganhou uma nova identidade visual e novas instalações na sede.

Ao abrir a programação de 30 anos da Escola Superior de Advocacia (ESA/DF), o diretor da Escola, Fabiano Jantalia, destacou a preocupação da OAB/DF em levar à advocacia um conhecimento que não se aprende na faculdade: planejar e gerir a carreira. “Esta é a razão porque dedicamos esta semana de aniversário para eventos com esta temática. Esperamos impulsionar a carreira de vocês a partir do que verão aqui”, disse.

O presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Junior, reforçou o enfoque da programação durante a abertura dos 30 anos. “Temos absoluta convicção que esta forma de comemorar pode deixar muito para a advocacia do DF”, comentou, na abertura da programação, ao lado de Fabiano Jantalia, do presidente da Caixa de Assistência, Eduardo Uchôa e da conselheira federal Raquel Cândido.

Délio Lins destacou ainda a importância da ESA/DF e sua evolução nos últimos 30 anos. “Lembro de frequentar a ESA há mais de 20 anos como estagiário. Eram duas salas de aula com um divisória que não chegava ao teto. Hoje, temos um andar inteiro e várias salas no nosso edifício sede. Cada pessoa que passa por aqui deixa sua contribuição e todos são tão merecedores ou mais que qualquer um de nós que estamos aqui hoje. Tenho certeza de que a ESA/DF voará cada vez mais alto”, afirmou.

O diretor da Caixa de Assistência dos Advogados do Distrito Federal, Eduardo Uchôa, contou o quanto “apanhou” para aprender as lições que serão mostradas à advocacia até sábado. “Queremos que advogados e advogadas tenham acesso a informações relevantes. Que bom que chegamos aqui e que possamos entregar isso à advocacia do DF.

Eduardo Uchôa reforçou ainda o compromisso da Caixa de Assistência com a ESA/DF. “A diretoria da Caixa sempre reflete muito antes de fazer qualquer investimento. É um compromisso de gestão e uma orientação do presidente Délio e estamos seguros da importância deste investimento, de ter uma escola moderna e conectada com a nova advocacia”, disse.

A conselheira federal Raquel Cândido, idealizadora do programa Carreiras OAB/DF junto com a vice-presidente da Seccional, Cristiane Damasceno, ressaltou na abertura dos 30 anos a importância do olhar diferenciado sobre a profissão. “Sabemos o quanto a ESA é importante na formação dos nossos advogados e como é importante trazermos possibilidades constantes de desenvolvimento”, disse.

 

“Esta ainda é a terra das oportunidades para aqueles que querem transformá-la”

Discurso proferido pelo presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, durante a cerimônia de entrega de carteiras realizada na OAB/DF, em 19 de novembro de 2019, na qual foi paraninfo.

É especial para a Ordem esta solenidade, não só por recebê-los, por abraçar os novos advogados e advogadas, mas pela certeza de renovação, especialmente para mim que estou na reta final de participação na OAB. Toda entrega de carteiras, toda cerimônia de compromisso, é uma renovação. É uma solenidade de passagem de tocha, uma corrida de revezamento, e é também uma data especial pela presença dos familiares.

Nós temos plena convicção, pelas nossas vidas, pela trajetória de todos que hoje conjunturalmente ocupam a posição de mesa nesta solenidade, da importância desta cerimônia, porque ela não nos sai do coração, ainda que tenhamos participado de milhares delas – centenas, no meu caso, que fui presidente de seccional. Ainda assim, vou me lembrar sempre que eu trouxe meus familiares para receber minha carteira lá no distante ano de 1997. Então, quero parabenizar estes familiares. Sei que esta é uma conquista de todos.

E quero dar boas vindas aos nobres colegas dizendo que a partir de hoje temos um pacto: não vamos lembrar das ofensas que trocamos em virtude do Exame de Ordem. Sabemos que o Exame de Ordem é a chancela que faz com que vocês saiam daqui com selo de qualidade. Foram noites mal dormidas, reprovações, mas não há nada mais típico na advocacia do que perder e começar de novo, ganhar e começar de novo, comemorar durante uma hora e saber que amanhã começa tudo de novo. É árida nossa profissão. É duro nosso dia a dia, mas é feito também de momentos como este, de reconhecimento ao talento e à trajetória de cada um, de vitória, de afirmação, de sacrifício – sem sacrifício não há glória e vitória.

Tenho aqui nesta tribuna a velha escolha dos oradores: ou faço o discurso da conjuntura – vem chegando a tempestade, tudo é ruim, somos milhares, o mercado está difícil, o dólar está a R$ 4,20 – ou tento fazer ver – e vou optar por isso porque sou um otimista incorrigível – que com todas estas dificuldades, chegar à advocacia num momento de crise é também chegar em um momento de grandes oportunidades de transformação. Receber em um momento desses a carteira vermelha que foi de Sobral (Sobral Pinto) e de tantos homens e mulheres que construíram a história deste Brasil, é o mesmo que receber aquele símbolo da Cruz Vermelha no meio de uma guerra.

Os senhores serão porta voz de uma sociedade que clama por direitos. Os senhores saem daqui e há uma família em crise econômica precisando de um bom advogado, de uma boa advogada de família para amenizar seu sofrimento; há um empresário e há um trabalhador buscando direitos. Os senhores saem daqui e há milhares de presos no caótico sistema penitenciário brasileiro pedindo que alguém acredite na sua liberdade, não na sua plena inocência, mas na sua humanidade e no seu direito à defesa, ainda que culpado. Os senhores saem daqui e há em cada rua e em cada esquina um cliente potencial, e se há um conselho que em tantos anos de experiência posso dar é que essa primeira causa, por mais simples que pareça, pode ser a causa que definirá o advogado que será cada um de vocês, porque fazê-la bem feito, com respeito ao cidadão, mostrará qual é a verdadeira identidade na advocacia de cada um de vocês.

Sim, porque eu sei que é necessário o pão, o sucesso material, mas se há uma profissão que não se marca por estas marcas é a advocacia. Nós somos a profissão do longo curso. O advogado de sucesso é aquele que às vezes aos 80 anos, sem ser rico, tem o respeito de todos os seus colegas, do juiz, do promotor, do defensor, do servidor da Justiça, porque, a partir desta primeira causa singela, com ética, com dignidade e com paixão, ele representou o seu papel transformador da nossa sociedade. Então, não há o que chorar. O momento é difícil, mas já estivemos muito piores. Os tribunais estão abertos, há independência, há muito a ser aprimorado. E nós temos uma revolução em andamento: a tecnologia, que nos traz perplexidade, nos traz desconforto, mas traz também oportunidades.

Sou de uma época que somente aquele que morava nas capitais tinha acesso à publicação de um bom texto jurídico. Agora, em todo o Brasil, um jovem talentoso advogado pode publicar, dividir, propor, interferir no seu ambiente. Isso não é revolucionário, se usado para o bem? Então vamos usar esta tecnologia para dar resposta ao nosso público, aquele que carece do nosso amparo.

Quando me formei, tínhamos apenas 20 ramos de atuação nos grandes escritórios. Hoje já são 48. Quando fui eleito presidente da Ordem, alguém me propôs a criação de uma comissão do direito da moda. Vários advogados debocharam, mas este virou um ramo de progresso no Rio de Janeiro. O mercado está em crise? Está. Mas este mercado cresce 20% ao ano e hoje mobiliza R$ 50 bilhões, a ponto de ser objeto de cobiça de escritórios internacionais que se mobilizam para este mercado brasileiro. Ocupem vocês!

É fácil? Não é. Exige criatividade, penacidade, acordar cedo, ser disciplinado, e outra: atender o cliente com paixão. Estou adorando ser presidente do Conselho Federal, porque aprendo todos os dias. A única coisa que vejo triste é quando encontro advogado sem paixão, que não entendeu o que acaba de jurar; que não entendeu que tem de defender os direitos humanos; que não entendeu que tem de defender os direitos sociais; que não entendeu que ser advogado é não temer a impopularidade; que não entendeu que não pode ficar repetindo mantra do “Maria vai com a outras”; que não compreendeu a força da Constituição; que não entendeu que advogado é a profissão do “alto lá, onde estão as provas?”; que não compreendeu que advogado é sim quem cobra do Judiciário celeridade, mas cobra imparcialidade, cobra proporcionalidade da pena, cobra garantia do direito de quem não tem; cobra que o Judiciário não seja perverso com os mais pobres e generoso com os mais ricos; cobra que o Judiciário siga a lei, siga a Constituição, porque longe dela não há salvação.

Para isso tem de ter paixão, e às vezes cansa. Dizer o que os outros não querem ouvir cansa. Quantas vezes vão dizer que o seu cliente não tem direito; quantas vezes vão dizer que não é necessária a produção de provas – e aqui falo do mau juiz, não do bom juiz; quantas vezes vão dizer o “já sei, é óbvio” – não acreditem nisso, busquem no coração e na paixão a capacidade de superar estes obstáculos. Eu nunca vi dar errado. Esta ainda é a terra das oportunidades para aqueles que querem transformá-la. Eu nunca vi alguém talentoso, estudioso e esforçado não vencer na advocacia. E vencer não é a riqueza dos carros, dos relógios, dos ternos. Vencer é voltar para casa de cabeça erguida, tendo certeza que tem um lugar no mundo e que serve a uma causa que faz este mundo melhor. Nós somos a profissão da liberdade. Nós somos a profissão da democracia em um país que alguns não querem liberdade nem democracia. Por isso não temo nada.

Completaremos 90 anos em 18 de novembro do próximo ano, presididos numa plenária final por mim e Délio Lins e Silva Junior (presidente da OAB/DF) na conferência nacional dos advogados, que será realizada aqui no DF – é responsabilidade da advocacia do DF fazer algo inesquecível neste momento que o país precisa tanto de nós. E a advocacia brasileira só é o que é porque atravessamos estes 90 anos unidos na compreensão de que a força da OAB é a força da advocacia brasileira, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos e os avanços como o que acabamos de aprovar: a lei que criminalizou a violação das prerrogativas, que são dos cidadãos ao quais os senhores estão servindo com as suas procurações.

É a compreensão de que advocacia e OAB são responsáveis por muito mais do que o dia a dia da advocacia: são responsáveis pela liberdade, pela democracia e pelo estado democrático neste país. Olhem quanta responsabilidade, quanto encargo há nesta carteira que em poucos momentos entregaremos aos senhores: a carteira dos que resistiram, a carteira dos que não se dobraram, a carteira dos que, ao longo da história, clamaram por justiça.

Eu ainda me sinto apaixonado. Espero ter 87 novos irmãos de paixão. Não importa o que pensam do mundo, mas importa o que fazem com esta carteira no bolso, o compromisso que terão com advocacia.

Conferência vai reunir a advocacia do país em Brasília em novembro de 2020

Sabia que o maior evento jurídico do planeta acontece no Brasil? A Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, que registrou em sua última edição mais de 20 mil inscritos, será realizada em Brasília de 16 a 18 de novembro do próximo ano. O lançamento do encontro aconteceu nesta segunda-feira (18/11) no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Temas relevantes para a advocacia e o país serão discutidos de forma ampla e profunda em debates que reunirão as maiores autoridades do meio jurídico nacional, além de grandes pensadores do Direito do Brasil e do mundo. A conferência – a 24a realizada – terá 40 painéis e 40 eventos especiais com a presença de mais de 200 palestrantes ao longo dos três dias de evento. Serão promovidas ainda duas conferências magnas, feira jurídica e o lançamento de diversos livros.

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, destacou a força da conferência durante seu lançamento, em sessão do Conselho Pleno, instância que reúne os presidentes e representantes das 27 seccionais da Ordem no país. “A conferência nacional é um momento em que a advocacia se reúne e fala à sociedade brasileira e precisamos montar um ambiente democrático, amplo, capaz de refletir as nossas divergências, mas também apontar rumos, mostrando à classe tudo o que vem sendo feito no dia a dia da advocacia”, disse.

A edição de 2020 coincidirá com datas especiais para a advocacia e o Brasil. Em 2020, serão comemorados os 60 anos de Brasília, os 60 anos da OAB-DF e os 90 anos da OAB Nacional. “É uma honra para o Distrito Federal receber a conferência neste triplo aniversário”, comemorou o presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Jr. “Tenham certeza de que trabalho não vai faltar. É um momento para mostrar Brasília para o Brasil e o mundo nos seus 60 anos.”, afirmou o titular, que participou do lançamento ao lado da diretoria, de conselheiros federais e de dirigentes de subseções da OAB/DF, além do presidente da Caixa de Assistência local, Eduardo Uchôa.

O chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal, Valdetário Andrade Monteiro, afirmou que a infraestrutura de Brasília estará preparada para receber a advocacia. “Temos uma infraestrutura logística para fazer desta conferência a maior realizada até agora”, disse.

Também presente no lançamento, a administradora de Brasília, Ilka Teodoro, comentou que “não poderia ser melhor para a advocacia ter Brasília como sede da conferência nacional”. Além de ser uma cidade que é patrimônio histórico e cultural da humanidade, Brasília é a sede dos três poderes da República e receberá advogados e advogados exatamente no ano em que completa 60 anos. Estamos preparados para receber a advocacia brasiliense e mostrar o que de melhor temos”, disse. “Temos certeza de que a OAB/DF tem plenas condições de realizar a maior conferência que já tivemos e a cidade dispõe de uma infraestrutura apropriada para a advocacia”, ressaltou Felipe Santa Cruz durante o lançamento, que contou com a presença também dos ex-presidentes da OAB Claudio Lamachia e Roberto Antonio Busato.

 

Comunicação OAB/DF
Fotos: Eugênio Novaes/CFOAB

OAB/DF discute igualdade racial e violência doméstica nesta segunda-feira

 A seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), por meio da Comissão de Igualdade Racial, promove o debate Direito Antidiscriminatório, Crimes Raciais e Violência Doméstica, nesta segunda-feira (18/11), às 19h, na sede da OAB/DF localizada na 516 Norte. O evento é aberto ao público em geral e contará com a presença de especialistas nos temas.

Para falar sobre Direito Antidiscriminatório, a palestrante será Mônica Gonçalves Matos, secretária-geral da Comissão de Igualdade Racial da OAB/DF. Para debater sobre Crimes Raciais, a convidada é Ângela Maria Santos, delegada titular da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

O painel sobre Violência Doméstica será conduzido por Neusa Maria, psicóloga, escritora e fundadora do Projeto Renascer. O presidente do Conselho de Defesa dos Direitos dos Negros do Distrito Federal (CDDN), Diego Moreno, abordará os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria de Igualdade Racial do GDF.

Os interessados em participar deverão se inscrever previamente no site da OAB/DF. Os participantes que doarem uma lata de leite em pó receberão um certificado de 2 horas de participação. Para mais informações: [email protected].

O evento conta com o apoio das comissões de Liberdade Religiosa, da Mulher Advogada, de Combate à Violência Doméstica e Familiar da OAB/DF, além da Secretaria de Justiça e Cidadania do GDF e do Projeto Renascer.

 

Anote aí!
Direito Antidiscriminatório, Crimes Raciais e Violência Doméstica
Quando: nesta segunda-feira (18/11) às 19h
Local: Plenário José Gerardo Grossi – Mezanino da OAB/DF – SEPN 516, Bloco B, Lote 7 – Asa Norte – Brasília/DF
Inscrições: https://oabdf.org.br/eventos-oabdf/direito-antidiscriminatorio-crimes-raciais-e-violencia-domestica/

 

Comunicação OAB/DF
Texto: Neyrilene Costa (estagiária sob supervisão de Ana Lúcia Moura)

Comissão da OAB/DF afirma que lei federal pode agilizar regularização de terras no DF

A Comissão de Direito Urbanístico e Regularização Fundiária da OAB/DF defendeu em parecer a aplicabilidade imediata da Lei Federal 13.465/2017 no Distrito Federal. A norma atualiza procedimentos para a regularização de terras rurais e urbanas em todo o território nacional, incluindo a Amazônia Legal, mas não tem sido aplicada na capital brasileira.

Parecer emitido pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) em 2018, quando questionada sobre a regularização de duas quadras da Vila Buritis, em Planaltina, afirmou que a Lei Federal 13.465/2017 só pode ser aplicada mediante regulamentação por norma distrital.

O entendimento é contrário ao da Comissão da OAB/DF. “A aplicabilidade da Lei 13.465/2017 não está condicionada à eventual produção legislativa do ente federativo”, afirma o parecer. “É o DF que deve adequar os seus procedimentos administrativos para atender às modalidades de regularização fundiária estabelecidas na Lei Federal, sem prejuízo de vir editar legislação própria para atender às necessidades e especificidades locais”, continua o documento.

Essa regulamentação veio na última terça-feira (12/11), quando o Governo do Distrito Federal publicou decreto que alia regras do Plano Diretor com definições estabelecidas pela Lei Federal 13.465/2017, detalhando de que maneira os processos de legalização devem ser feitos a partir de agora.

O presidente da Comissão de Direito Urbanístico e Regularização Fundiária, Ramiro Freitas de Alencar Barroso, defende que a aplicabilidade imediata da Lei 13.465/2017 poderia facilitar e agilizar uma série de processos de regularização que hoje estão emperrados. “Muitas áreas do Distrito Federal vivem impasses legais há anos. A nova Lei permite soluções mais simples e ágeis, que poderiam beneficiar esses moradores. Ainda que haja legítimo interesse do GDF em promover legislação própria para melhor se adequar à legislação federal, esse interesse não deveria implicar a paralização da regularização fundiária no DF ”, afirma.

A questão fundiária é um desafio no Distrito Federal, pois sua ocupação se deu de maneira rápida e, em certo ponto, desordenada. As irregularidades se dão tanto em áreas privadas quanto em terrenos públicos. Muitos dos impasses giram em torno de quem é o real dono das terras.

Comunicação OAB/DF
Texto: Neyrilene Costa (estagiária sob supervisão de Ana Lúcia Moura)
Foto do destaque: Toninho Tavares/Agência Brasília/GDF

Semana especial de palestras da ESA/DF começa na 2ª feira

A Escola Superior de Advocacia (ESA/DF) está de cara nova. Com nova marca, nova identidade visual e novas instalações na sede. A escola passa por uma importante reformulação por ocasião de seu aniversário de 30 anos, que será celebrado no próximo dia 21. Para comemorar, durante toda a próxima semana, de 18 a 23 de novembro, serão realizadas palestras, oficinas e workshops gratuitos com profissionais renomados sobre diversas áreas do direito, novos nichos de mercado e boas práticas jurídicas. Os interessados podem se inscrever até o dia 17 no site www.oabdf.org.br/esa30anos .

A programação completa está disponível no site da escola. Serão mais 50 palestras e oficinas gratuitas, oferecidas na sede da OAB/DF e nas subseções, para que os advogados, advogadas e estudantes possam participar e se capacitar. As palestras abordarão as novas oportunidades de atuação profissional para advogados e advogadas em ramos como direito da moda, direito cultural, direito aeronáutico e aeroespacial, direito do idoso, agronegócio e até mesmo controladoria jurídica.

Painel de abertura
O painel de abertura, que ocorrerá no Auditório da OAB-DF no próximo dia 18 (2ª feira), das 19h às 22h30, será voltado ao tema “Planejamento e gestão de carreira na advocacia”, e contará com a executiva Heloísa Toller, da Laurence Simons Search, especializada em recrutamento de executivos jurídicos, e com a executiva Anamaíra Spaggiari, diretora da Fundação Estudar, organização voltada à formação de lideranças transformadoras no Brasil.

Todos os que participarem do painel de abertura ganharão um voucher de R$ 2 mil de descontos nos cursos de pós-graduação da Faculdade Unyleya e concorrerão ao sorteio de livros oferecidos pelo Grupo Editorial GEN.

“Preparamos uma programação especial focada no desenvolvimento das competências técnicas necessárias ao dia a dia da advocacia e voltada para as principais tendências do mercado jurídico. Esse é o papel da ESA/DF: capacitar e apresentar o que há de novo em termos de oportunidades profissionais no Direito”, afirma o diretor-geral da ESA/DF, Fabiano Jantalia.

Sessão solene e painel magno com renomados processualistas
No dia 21 (5ª feira), às 19h, também no Auditório da OAB/DF, será realizada uma sessão solene do Conselho Pleno em homenagem ao aniversário de 30 anos da ESA/DF, na qual serão homenageados todos os ex-diretores da Escola.

Em seguida, às 19h30, será realizado o painel magno do evento, que abordará o tema “Diálogos entre processo civil, penal e administrativo”. O painel contará com a participação dos professores Leonardo Carneiro da Cunha e Antônio do Passo Cabral, dois dos maiores processualistas brasileiros na atualidade. Após esse painel magno, serão sorteados exemplares autografados de livros publicados pelos palestrantes.

Inscrições até o próximo domingo
Os interessados devem se inscrever no site www.oabdf.org.br/esa30anos até o dia 17 de novembro. As vagas são limitadas à lotação das salas. As atividades serão abertas e sem pré-requisitos, mas somente poderão participar das oficinas os advogados e as advogadas que estiverem em dia com as anuidades da OAB/DF. Nas oficinas de PJe e PJe Calc, haverá reserva de 20 vagas para advogados idosos.

Mediante solicitação, os participantes inscritos receberão certificados, que poderão ser usados como horas complementares. Para a emissão desses certificados, será necessária a doação de 1 kg de alimento não perecível (arroz, feijão ou macarrão) ou de uma lata de leite em pó.